Indígenas da etnia Munduruku denunciaram nesta quarta-feira (26) ter sofrido novos ataques após uma operação policial que tinha como objetivo expulsar os garimpeiros que ocupam ilegalmente suas terras no estado do Pará.

O Supremo Tribunal Federal (STF) ordenou nesta semana que o governo garanta a proteção dos indígenas Munduruku e Yanomami diante das ameaças e ataques que eles vêm sofrendo na mais recente escalada de violência na região, no coração da floresta amazônica.

“Criminosos estão aterrorizando lideranças do povo Munduruku por serem contra o garimpo ilegal”, tuitou Sonia Guajajara, coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).

“Em um ato terrorista, incendiaram hoje a casa da Maria Leusa Kabá e seguem ameaçando outras pessoas em retaliação à operação da PF na região para expulsar invasores da TI Munduruku”, denunciou Guajajara, uma das principais porta-vozes dos povos indígenas no Brasil.

A Polícia Federal (PF) lançou na terça-feira uma operação com 130 agentes nos arredores do município de Jacareacanga para combater o garimpo ilegal nas terras indígenas, em cumprimento às medidas solicitadas pelo STF.

A PF não confirmou os novos ataques denunciados pelos indígenas, mas afirmou que suas próprias forças “foram surpreendidas por um grupo de garimpeiros, que iniciou um protesto contra a operação de proteção das terras indígenas”.

O grupo tentou destruir veículos e equipamentos policiais, acrescentou a PF, que afirma ter contido o motim sem que houvesse feridos.

O governador do Pará, Helder Barbalho, disse nesta quarta-feira que estava “preocupado com o clima de tensão” e enviou o comandante e outros agentes da Polícia Militar de Belém para atuar como mediadores, junto com os policiais federais em Jacareacanga.

A mineração ilícita, que causa danos ambientais, tem provocado divisões entre os indígenas da região, alguns dos quais se associaram aos invasores e os ajudam na exploração de recursos e em ataques, segundo a imprensa local.

O ministro Luís Roberto Barroso, do STF, determinou na segunda-feira ao governo de Jair Bolsonaro “a adoção imediata de todas as medidas necessárias à proteção da vida e da segurança das populações indígenas que habitam as TIs Yanomami e Mundurucu”.

Em 10 de maio, a Hutukara Associação Yanomami denunciou um confronto entre indígenas e garimpeiros ilegais que invadiram a comunidade Palimiu, no estado de Roraima, deixando quatro garimpeiros e um indígena feridos a tiros.