O Índice de Preços dos Alimentos da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) alcançou média de 120,9 pontos em abril, alta de 2,0 pontos (1,7%) ante março, 28,4 pontos (31%) acima do mesmo período do ano passado. O resultado marcou a décima primeira subida mensal consecutiva do indicador e o seu nível mais alto desde maio de 2014. Segundo a FAO, a alta de abril foi impulsionada por fortes aumentos nos preços do açúcar, seguido por óleos, carnes, laticínios e cereais.

O subíndice de preços dos Cereais registrou média de 125,1 pontos em abril, aumento de 1,5 ponto (1,2%) em relação ao mês anterior e 25,8 pontos (26%) acima do verificado em abril de 2020.

“A pressão de alta das intenções de plantio menores do que o previsto nos Estados Unidos e as preocupações com as condições de safra na Argentina, Brasil e EUA empurraram os preços do milho para 5,7% em abril”, destacou a FAO.

De acordo com a organização, a forte demanda pelo milho e a baixa oferta aumentaram 66,7% os valores do cereal, que é o nível mais alto desde meados de 2013. Os preços internacionais do trigo permaneceram estáveis em abril, ficando mais de 17% acima dos valores de abril de 2020.

“Embora as cotações do trigo tenham recebido apoio do aumento dos preços do milho, juntamente com as preocupações com as condições da safra nos EUA e em vários países da Europa, as expectativas de boas perspectivas de produção global mantiveram os preços estáveis em geral”, diz a FAO.

Em contraste, os preços internacionais do arroz caíram novamente em abril, refletindo principalmente movimentos cambiais e atividades comerciais lentas, com restrições logísticas persistentes e custos de frete continuando a atrapalhar novos negócios.

O levantamento mensal da FAO também apontou que o subíndice de preços dos Óleos Vegetais registrou média de 162,0 pontos em abril, alta de 2,9 pontos (1,8%) no mês a mês. “Os valores do óleo de soja e de colza aumentaram puxados por uma demanda global forte, por parte de produtores de biodiesel, e pela prolongada restrição da oferta global”, destacou a entidade. As cotações internacionais do óleo de palma continuaram subindo bastante em abril, em virtude de preocupações com o crescimento da produção mais lenta do que o esperado nos principais países exportadores. A entidade acrescentou que os preços internacionais do óleo de girassol contraíram relativamente devido ao racionamento da demanda.

O subíndice de preços de Laticínios, por sua vez, registrou média de 118,9 pontos em abril, 1,4 pontos (1,2%) em relação a março. A média é também 24,1% superior ao observado no mesmo mês do ano passado. Em abril, as cotações da manteiga subiram, impulsionadas pela expressiva demanda de importação da Ásia, mesmo com a demanda mais fraca na Europa, segundo a FAO.

Os preços do leite em pó desnatado aumentaram por causa da alta demanda de importação do Leste Asiático, induzida em parte por preocupações com possíveis atrasos nos embarques em meio a suprimentos limitados da Europa e Oceania. “Os preços dos queijos também aumentaram acompanhando a demanda da Ásia, e com a menor produção na Europa, além do declínio sazonal da oferta da Oceania”, informa a organização. As cotações do leite em pó integral caíram ligeiramente, em função da queda na demanda de importação para os suprimentos, após um alto volume comercializado recentemente.

Na sondagem mensal da FAO, o subíndice de preços das Carnes apresentou média de 101,8 pontos em abril, o que indica crescimento de 1,7 pontos acima (1,7%) ante março. É o sétimo aumento mensal consecutivo, que elevou o índice para 5,1% em comparação com o verificado em abril do ano passado.

Conforme a FAO, no mês de abril as cotações internacionais das carnes bovina e ovina aumentaram, sustentadas pela sólida demanda do Leste Asiático, em meio à oferta restrita da Oceania por causa da contínua reconstrução do rebanho e baixos estoques. “Vendas internas em regiões produtoras também sustentaram os resultados”, explica a FAO.

Acompanhando os bons resultados, as cotações da carne suína se firmaram com as contínuas altas compras do Leste Asiático, apesar do aumento geral dos embarques da União Europeia, enquanto a Alemanha continuou sem acesso ao mercado chinês por causa das preocupações com a peste suína africana. Já os preços da carne de frango permaneceram estáveis, em função de mercados globais geralmente equilibrados.

A FAO calculou, ainda, que o subíndice de preços do açúcar ficou, em média, em 100,0 pontos em abril, alta de 3,8 pontos (3,9%) ante março, atingindo quase 60% acima dos registrados em abril do ano passado.

“A recuperação de abril nos preços do açúcar foi motivada por fortes compras em meio a preocupações com a oferta global mais restrita com a safra 2020/21, devido ao lento progresso da colheita no Brasil e aos danos causados pela geada na França”, ressalta a FAO.

Segundo a entidade, o apoio adicional veio da valorização do real frente ao dólar norte-americano, que tende a afetar os embarques do Brasil. No entanto, a pressão ascendente sobre os preços foi ligeiramente limitada pelas perspectivas de grandes exportações da Índia e pela rápida descida dos preços do petróleo bruto.