O Índice de Preços de Alimentos da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) alcançou média de 170,9 pontos em julho de 2019, recuo de 2,1 pontos (1,21%) em relação a junho, interrompendo seis altas consecutivas. Em relação a igual mês de 2018, o Índice registrou queda de 1,1%. Conforme comunicado da FAO, divulgado nesta quinta-feira, 1º de agosto, o indicador foi pressionado por preços mais baixos de cereais, laticínios e açúcar, que mais que compensaram os aumentos nos preços de carnes e óleos vegetais.

O subíndice de preços dos Cereais registrou média de 168,6 pontos em julho, queda de 4,6 pontos (2,7%) em relação ao mês anterior, mas cerca de 4,1% superior ao reportado em igual mês do ano passado. De acordo com a organização, o declínio mensal deve-se à redução nos preços do trigo e do milho.

“No mercado de trigo, apesar dos ajustes para baixo nas perspectivas de produção em vários países, as ofertas volumosas para exportação e as expectativas contínuas de produção mundial recorde nesta safra pesaram sobre os preços internacionais”, apontou a FAO.

Da mesma forma, segundo a entidade, as cotações internacionais do milho recuaram em virtude das amplas disponibilidades de exportação, especialmente na Argentina e no Brasil. Em compensação, o índice de preços do arroz da FAO manteve-se estável pelo quinto mês consecutivo, em meio a baixo volume de negócios.

O levantamento mensal da FAO também apontou que o Índice de Preços do Óleo Vegetal registrou média de 126,5 pontos em julho, alta de 1 ponto (0,8%) em comparação com junho, mas 11% abaixo do nível observado no mesmo mês do ano anterior. “A alta nos preços dos óleos de soja e de girassol mais do que compensaram uma nova queda nas cotações do óleo de palma”, apontou a entidade.

De acordo com a FAO, os preços internacionais do óleo de palma esticaram a queda, pressionados pela fraca demanda global de importação e pelas perspectivas de aumento sazonal da produção nos principais países exportadores do Sudeste Asiático. Em compensação, a organização indicou também que os preços do óleo de soja avançaram acompanhando a alta do complexo da oleaginosa e o menor volume de esmagamento nos Estados Unidos. As cotações dos óleos de girassol também registraram avanço, sustentado pela desaceleração na moagem na região do Mar Negro e pela demanda robusta de importação mundial.

Na sondagem mensal da FAO, o Índice de Preços da Carne apresentou média de 176,2 pontos em julho, o que indica avanço de 0,2 ponto (0,11%) em relação a junho, “continuando com os moderados aumentos de preços registrados nos últimos seis meses”.

Conforme a FAO, o índice está quase 10% acima do nível reportado em janeiro deste ano, porém cerca de 17% abaixo do seu pico em agosto de 2014. O documento da organização mostrou, ainda, que as cotações internacionais de carne ovina e bovina aumentaram ainda mais, impulsionadas pela forte demanda de importação da Ásia.

“No entanto, os preços da carne suína recuaram ligeiramente após quatro meses de aumentos contínuos, refletindo maiores disponibilidades de exportação do Brasil e dos Estados Unidos”, destacou a FAO.

Os preços de carne de frango permaneceram estáveis em relação ao patamar de junho, informa a entidade, em função da demanda estável.

Já o Índice de Preços de Laticínios registrou média de 193,5 pontos em julho, queda de 5,7 pontos (2,9%) em relação ao registrado em junho, marcando a segunda queda consecutivo, mas ainda 6% maior em relação ao início do ano. O nível está também 3% abaixo do reportado no mesmo mês do ano passado.

Segundo a FAO, em julho, as cotações da manteiga, do queijo e do leite em pó integral declinaram ainda mais com fraca comercialização no spot e com a demanda no Hemisfério Norte prejudicada pelo período de ferias escolares. “Em contrapartida, os preços do leite em pó desnatado se recuperaram, apoiados por um maior interesse de compra dos países do Oriente Médio e da Ásia”, explicou a entidade.

A organização calculou, ainda, que o subíndice de preços do açúcar ficou, em média, em 183,3 pontos em julho, queda de 1,1 ponto (0,6%) em relação a junho. Conforme a FAO, os preços do adoçante foram influenciados, em grande parte, pela expectativa de maior produção de cana-de-açúcar na Índia com chuvas acima da média nas principais regiões produtoras do país.

“O declínio nos preços mundiais foi, no entanto, de certa forma contido pelo fortalecimento da moeda brasileira em relação ao dólar norte-americano, movimento que tende a restringir as exportações do Brasil”, informa o relatório.

Ainda, segundo a FAO, as estimativas que mostram menor produção do adoçante no Centro-Sul do Brasil forneceram certo suporte aos preços mundiais.