Por Luciano Costa

SÃO PAULO (Reuters) – A elétrica indiana Sterlite Power quer voltar a disputar leilões de concessões para novos projetos de transmissão de energia no Brasil neste ano, embalada por uma recém-anunciada parceria estratégica com a gestora de recursos Vinci Partners, disse à Reuters nesta quarta-feira o diretor financeiro da companhia.

Com operações no Brasil desde 2017, a Sterlite anunciou na última sexta-feira acordo com a Vinci pelo qual a empresa de investimentos aportará 149 milhões de reais na compra de debêntures conversíveis em ações do Vineyards, no Rio Grande do Sul.

O contrato entre as empresas prevê que a Vinci poderá converter a dívida em participação de 80% no empreendimento quando este estiver concluído, ainda neste ano, com opção de compra dos 20% restantes do ativo em até 190 dias.

O negócio entre Sterlite e Vinci ainda prevê possíveis transações em formato semelhante para outros três projetos dos indianos no Brasil, conhecidos como Solaris, Goyaz e Borborema, disse à Reuters o CFO da empresa no país, Marco Tanure.

“Se a gente for somar esses quatro projetos (envolvidos na parceria com a Vinci) estaríamos falando de um investimento total próximo de 1,1 bilhão de reais.”

Além de Vineyards, que deve estar concluído até julho, todos os outros empreendimentos envolvidos na operação estão com atividades em andamento, financiamentos encaminhados e contratações de equipamentos e serviços fechados, disse o CFO.

Segundo ele, a parceria com a Vinci replica modelo adotado pela Sterlite na Índia, onde o grupo tem vendido ativos de transmissão para o fundo India Grid Trust, que tem como investidor principal a empresa de private equity KKR.

“Nossa ideia no Brasil sempre foi ter um parceiro financeiro junto conosco, não só para execução dos projetos que temos em carteira, mas também para o futuro. Nós sempre buscamos esse tipo de parceria.”

A Sterlite poderá utilizar os recursos levantados com as debêntures conversíveis para investimentos em qualquer um dos ativos envolvidos no acordo com a Vinci.

Mas a empresa indiana também quer aproveitar o fôlego gerado pela transação para voltar a disputar leilões de novos projetos. Após chegar com agressividade ao Brasil em 2017, quando foi destaque em licitações, a Sterlite não chegou a arrematar concessões nos mais recentes certames de transmissão.

“Temos um portfólio extremamente robusto, então não fazia sentido a gente ir para leilão… agora está chegando o momento de eu renovar esse portfólio”, disse Tanure.

Ele acrescentou que a empresa tem estudado “com seriedade” projetos que serão oferecidos pelo governo e pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) nos próximos pregões, o mais próximo deles previsto para junho.

OUTROS ATIVOS

Além do acordo com a Vinci Partners, a Sterlite está perto de concluir a venda de um projeto de transmissão conhecido como Dunas, alvo de negociações com a espanhola Cymi, disse Tanure.

A Reuters publicou em dezembro que as empresas estavam em conversas sobre o empreendimento, que demandará 1,2 bilhão de reais em investimentos em infraestrutura de transmissão no Ceará e Rio Grande do Norte.

“Só estamos aguardando uma última anuência para fazer o closing, nos próximos 15 a 20 dias”, afirmou o CFO.

Concluída essa operação e considerados os ativos envolvidos na parceria com a Vinci, a Sterlite permanecerá ainda com dois projetos em carteira: Marituba e São Francisco.

Segundo o diretor, a companhia investirá na conclusão dessas obras enquanto busca mais empreendimentos em leilões, sem descartar novos negócios como a parceria com a Vinci, que eventualmente até poderia ser expandida para mais ativos.

“O compromisso que quero deixar aqui é o compromisso de continuar firme no Brasil. Tanto que estamos olhando novas oportunidades”, disse Tanure, ao apontar que a empresa também está confiante em entregar todas suas obras no prazo.

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