A Índia autorizou, nesta segunda-feira (25), a retomada dos voos domésticos, apesar do aumento nos casos de COVID-19, após dois meses de proibição sob as medidas de confinamento para combater a pandemia.

A Índia suspendeu seus voos domésticos e os internacionais no final de março, para impedir a propagação do vírus neste país de 1,3 bilhão de habitantes, onde ocorreu o maior confinamento do planeta.

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Mas o governo, ansioso para que o país – a terceira maior economia da Ásia – retome sua atividade econômica, anunciou na semana passada que cerca de 1.050 voos diários, um terço do tráfego habitual, poderiam ser retomados nesta segunda-feira.

Muitos foram cancelados no último minuto, porém, devido a restrições impostas pelos diferentes estados do país, enquanto os voos internacionais continuam suspensos.

O ministro da Aviação, Hardeep Singh Puri, impôs uma série de medidas estritas no setor, como a obrigação de usar máscaras, medir a temperatura e desocupação compulsória dos assentos intermediários das aeronaves.

O anúncio do governo aparentemente pegou as autoridades estaduais e as próprias companhias aéreas de surpresa.

Assim, vários estados decidiram impor uma quarentena de 14 dias a passageiros de outras regiões, o que agravou a confusão.

Maharashtra, o estado indiano com o maior número de casos de coronavírus, limitou o número de partidas e chegadas no aeroporto de Bombaim a 50.

Nesse aeroporto, a distância física foi esquecida quando passageiros furiosos protestaram contra os funcionários depois que seus voos foram suspensos no último minuto.

Muitos passageiros desejam retornar para seu local de residência após dois meses fora de casa, devido às medidas de confinamento decretadas pelo governo em 25 de março.

No aeroporto de Nova Délhi, os agentes de segurança aferem a temperatura dos passageiros e verificam se têm o aplicativo de rastreamento do governo Aarogya Setu instalado no telefone.

Apesar de estarem equipados com luvas, máscara e viseira, os funcionários das companhias aéreas não escondem sua preocupação.

“Estar em contato com tantas pessoas neste momento é arriscado. Estive em contato com pelo menos 200 pessoas esta manhã”, disse à AFP um funcionário que pediu para não ser identificado por razões profissionais.

Os tripulantes dos aviões expressaram sua confusão em relação à aplicação de certas medidas, de acordo com a agência indiana Press Trust of India (PTI).

“Não está claro para mim se devo ir para casa passar por uma quarentena de 14 dias, ou se devo voltar ao trabalho na segunda-feira”, disse um piloto à PTI.

O ministro Singh indicou que os voos internacionais poderão ser retomados em junho.

Muitos voos especiais já foram organizados nas últimas semanas, porém, para trazer para o país alguns dos milhares de cidadãos indianos presos no exterior.

A retomada dos voos domésticos ocorre no dia seguinte ao registro do maior aumento diário de infecções por COVID-19 na Índia.

No domingo, as autoridades informaram o registro de 6.977 infecções adicionais nas últimas 24 horas. Até o momento, a Índia contabiliza 4.021 mortes e 138.845 doentes.

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