Dois dias antes das eleições legislativas, a tensão aumenta no Canadá e o atual primeiro-ministro Justin Trudeau intensificou seus apelos a uma votação estratégica para bloquear o caminho dos conservadores.

Segundo as últimas pesquisas, as diferenças nas intenções de voto são mínimas e impossibilitam qualquer previsão: os dois partidos principais estão tecnicamente empatados, cada um com cerca de 32% das intenções de voto, à frente do candidato de esquerda do Novo Partido Democrático (NDP), que ronda 20%.

Assim como em 2019, o país parece se encaminhar para a formação de um novo governo minoritário se nenhum dos partidos conseguir alcançar 170 das 338 cadeiras na Câmara dos Comuns.

“A luta está crescendo entre os dois partidos políticos”, disse à AFP Jean-Marc Léger, do instituto de pesquisa de mesmo nome.

Já que nenhum dos líderes partidários “parece ter impressionado os eleitores, se parece mais com um voto de eliminação do que um voto de convicção”, disse.

No entanto, em meados de agosto, quando anunciou a realização das eleições antecipadas, Trudeau podia contar com pesquisas favoráveis, que o colocavam cinco pontos à frente dos conservadores.

O primeiro-ministro esperava aproveitar sua gestão da pandemia e o sucesso da campanha canadense de vacinação para obter uma maioria que lhe permitisse iniciar um terceiro mandato.

Trudeau, de 49 anos, ainda é visto como o melhor primeiro-ministro potencial, com 25% de opiniões favoráveis, contra 20% do conservador Erin O’Toole.

Mas está longe do alto nível de aprovação que registrou em 2015.

Desgastado pelo poder e pelos escândalos que mancharam sua imagem, o chefe de governo também parece ter sofrido prejuízos nesta campanha relâmpago de 36 dias, que lançou em meio à pandemia de covid-19.

“Mais pessoas têm uma má opinião de Justin Trudeau hoje do que antes da campanha”, disse Léger.

Ao depositar suas últimas forças nesta disputa, Justin Trudeau, como há dois anos, ampliou nesta semana seu apelo ao voto estratégico, pedindo aos eleitores que bloqueiem o caminho dos conservadores.

“Somos os únicos que estamos em condições de deter Erin O’Toole e evitar que faça o Canadá regredir”, insistiu na quarta-feira o primeiro-ministro, que viajava para Halifax, no leste do país.

Nos últimos dias, denunciou reiteradamente o “revés” que ameaça o Canadá do ponto de vista ambiental se os conservadores voltarem ao poder.