Em março deste ano, a inadimplência média no sistema financeiro nacional ficou em 2,2%, de acordo com a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), praticamente estável em relação ao número registrado em dezembro (2,1%) e abaixo dos 3% observados antes da pandemia da covid-19. No entanto, a entidade alerta que já é visível uma piora neste indicador.

Em um movimento sinalizado pelos bancos ao longo de 2020, a inadimplência medida pelo montante de parcelas em atraso há mais de 90 dias ficou sob controle mesmo com o choque de liquidez trazido pela crise graças aos programas de prorrogação de prazos de vencimento lançados pelas instituições.

O balanço da Febraban indica que cerca de 17 milhões de contratos que tinham seus pagamentos em dia foram renegociados entre 16 de março e 31 de dezembro de 2020, com saldo devedor total de R$ 1 trilhão. A soma das parcelas suspensas foi de quase R$ 150 bilhões, com carências entre 60 e 180 dias. Pessoas físicas e pequenas e médias empresas responderam, juntas, por R$ 80 bilhões desse total.

Para micro e pequenas empresas, de acordo com a Febraban, foram renegociados 1,75 milhão de contratos, com R$ 105,1 bilhões em saldo total e parcelas suspensas de R$ 17,4 bilhões.

A percepção é de que estas iniciativas, que evitaram uma onda de calotes no ano passado, não devem se repetir na mesma intensidade neste ano. Nos comentários que acompanham o levantamento, a Febraban afirma que já é possível detectar uma alta na inadimplência em indicadores precedentes, de prazo mais curto.

“As séries de atraso (entre 15 e 90 dias) já sinalizam uma alta há algum tempo, sugerindo uma possível piora da inadimplência à frente, especialmente nas linhas para pessoas físicas”, explica Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban. “Assim, a inadimplência segue como ponto de atenção, que, embora tenha sua alta já esperada, possui magnitude ainda incerta.”