Por trás dos visores das câmeras fotográficas digitais, está ganhando corpo um mercado diversificado e promissor de laboratórios, impressoras domésticas e serviços diversos. Em redes como Fotoptica e Fnac já é possível enviar um filme a uma de suas lojas e ver o resultado do trabalho num CD-Rom ou na Internet. O usuário pode, ainda, compartilhar os registros com amigos na rede e pedir a impressão de alguns deles. Dessa forma, os R$ 3,3 bilhões que a indústria da fotografia movimenta anualmente no Brasil estão sendo convertidos em CD-Roms, disquetes, páginas da Internet e cartões de memória. No País, já existem mais de 66 lojas onde a revelação é feita por máquinas capazes de transformar um negativo, um cromo ou um arquivo de CD em impressões de alta qualidade sobre papel de fotografia. ?Esse movimento garantiu à indústria de papel fotográfico uma sobrevida que ela não contava ter?, diz Flávio Takeda, gerente de vendas do departamento profissional da Fuji. A empresa é líder isolada nos laboratórios digitais, ou minilabs, vendidos aos lojistas por preços entre US$ 160 mil e US$ 200 mil. ?Em breve, o mercado de laboratórios deverá facilmente ultrapassar os US$ 8 milhões?, diz Takeda.

A chegada e a proliferação da tecnologia digital levaram a Kodak a lançar, na semana passada, seu laboratório Sistema 88. Capaz de fazer diversas estripulias com as imagens, ele pode ser adquirido por lojistas a US$ 99 mil. ?Esse mercado tem um potencial enorme?, diz Waldir Seidenthal, presidente da Kodak brasileira. A companhia espera comercializar 40 equipamentos como este em 2001, o que pode fazer com que o mercado nacional supere a marca das 100 máquinas este ano. Ainda assim, o parque instalado é irrelevante quando comparado às 6 mil máquinas antigas que operam nas lojas. Mas a situação deverá mudar lentamente conforme a necessidade de troca de máquinas que ficarem obsoletas ou desgastadas com o uso. ?A partir de 2002, esperamos que os digitais sejam metade dos cerca de 400 laboratórios que serão vendidos anualmente?, diz Takeda, da Fuji. Para os fabricantes, o desempenho vai depender da redução gradual no custo dos equipamentos e na aceitação do público.

O mercado de câmeras digitais, por sua vez, subiu 130% de 1999 a 2000, alcançando 15 milhões de unidades no mundo. De acordo com o instituto de pesquisas IDC, em 2005 o volume será de 39 milhões. As altas taxas de crescimento, contudo, são explicadas pela fraca presença no mercado. No Brasil, as digitais não são mais do que 10% das câmeras vendidas. Os outros 90% são máquinas simples, com filme tradicional, poucos apetrechos, foco fixo e preço em torno de R$ 50 a R$ 100. Um universo muito distante das sofisticadas máquinas digitais, com preços entre R$ 199 e R$ 5 mil. ?O mercado é pequeno porque os preços não são acessíveis para a maioria dos consumidores?, diz Eduardo Yamashita, gerente de marketing de produtos da HP. A companhia, maior fabricante de chips de computadores do mundo, é hoje a sétima maior fabricante de máquinas fotográficas. ?Queremos fincar bem os alicerces nessa área porque ela deve explodir daqui a um ano?. Este ano, está ocorrendo uma verdadeira avalanche de lançamentos, de câmeras a impressoras domésticas que deverão aumentar a gama de produtos. Há cerca de um mês, a Polaroid, cuja linha de produtos se diferencia por revelar o filme instantaneamente, também decidiu trilhar um caminho distinto no mundo digital. Suas seis câmeras, lançadas há um mês, são mais baratas que as concorrentes (a mais em conta custa R$ 199, enquanto as de outras marcas saem por mais de R$ 1.000). A qualidade da imagem, porém, é menor. ?Elas foram desenhadas para que as pessoas possam enviar suas fotos pela Internet, o que não necessita de uma alta resolução?, diz Andrés Ramirez, presidente da Polaroid no Brasil. ?Este é que será o grande filão?, aposta ele. Ainda neste mês, a HP deve trazer ao País duas máquinas digitais e uma impressora para uso doméstico, que trabalha com papel fotográfico.