O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, reservou a parte final de seu discurso em São Paulo na noite desta segunda-feira, 14, para defender a nova Taxa de Longo Prazo (TLP), que servirá de base para os empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e vem recebendo críticas do setor privado.

O dirigente ressaltou que “supostos efeitos adversos de curto prazo” da TLP têm sido muito enfatizados, enquanto os ganhos para a sociedade têm sido minimizados. “Essa mudança proporciona maior potência à política monetária, reforça a queda da taxa de juros estrutural da economia, incentiva o financiamento privado de longo prazo e o desenvolvimento do mercado de capitais, e dá maior agilidade na administração do empréstimos pelo BNDES”, afirmou Ilan, de acordo com discurso divulgado pelo BC.

A TLP tem recebido críticas do setor empresarial e já levou três diretores do BNDES a deixarem seus cargos. No discurso de hoje, Ilan ressaltou que a taxa deve ajudar a proteger os recursos do Tesouro. Ele mencionou que, de 2007 a 2016, a conta de subsídios do Tesouro alcançou R$ 723 bilhões.

A nova taxa, segundo o presidente do BC, deve ajudar ainda a proteger os recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), permitindo assim a manutenção do seguro desemprego e do abono salarial. Hoje, os recursos do FAT são destinados a programas de financiamento do BNDES. “O FAT tem apresentado déficits que ultrapassam a dezena de bilhões de reais por ano”, disse Ilan, observando que a TLP garantirá maior rentabilidade aos recursos do fundo, aportando à carteira cerca de R$ 15 bilhões por ano.

Ilan recebeu o prêmio de economista do ano da Ordem dos Economistas do Brasil (OEB) em evento na noite desta segunda-feira em São Paulo, que reuniu cerca de 450 pessoas. O evento foi fechado à imprensa, mas o BC divulgou o discurso do presidente.