O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou em discurso na noite desta segunda-feira, 14, em São Paulo que o Brasil se encontra atualmente mais polarizado, mas o debate econômico deveria ser sempre entendido como um embate de ideias e fundamentado por evidências empíricas, segundo discurso divulgado pelo BC.

No discurso, o presidente do BC citou um livro de 1932 do economista Lionel Robbins para mencionar uma forma muito usada de se definir a economia, como a ciência que estuda como os indivíduos e as sociedades alocam recursos escassos entre fins alternativos. Essa definição é especialmente apropriada em um momento de ajuste econômico como o que está sendo feito agora no Brasil, disse ele.

Sob a ótica do formulador de política, como é o caso do presidente do BC, Ilan ressaltou que é sempre preciso levar em conta que a sociedade precisa usar seus recursos de maneira eficiente e estes recursos são limitados. “É preciso fazer escolhas.”

Ilan usou a primeira parte do seu discurso para falar de sua formação acadêmica em economia e ressaltou, na visão dele, que um exemplo de debate econômico de “alto nível” que ocorreu no passado no Brasil foi em torno das diferentes estratégias para combater a hiperinflação nos anos 1980 e início dos 1990. “As disputas produziram erros e acertos”, disse ele, ressaltando que as discussões acabaram levando um tempo depois à implementação bem sucedida do Plano Real.

Ilan mencionou que já foi do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da diretoria do BC anteriormente, nas gestões de Arminio Fraga e Henrique Meirelles. “Considero essa participação no setor público como retribuição ao investimento que o País teve com minha educação nesses anos todos. A sensação, hoje, é de que já paguei com juros e correção monetária.”

Ilan recebeu o prêmio de economista do ano da Ordem dos Economistas do Brasil em evento na noite desta segunda-feira em São Paulo, que reuniu cerca de 450 pessoas. O evento foi fechado à imprensa, mas o BC divulgou o discurso do presidente.