O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, minimizou nesta segunda-feira, 28, o efeito da greve dos caminhoneiros na inflação e na política monetária. “Choques que são muito do dia a dia não são algo que influenciam a política monetária. A política monetária é muito mais resiliente”, disse, em resposta à pergunta de um empresário, em evento do Lide. “O que importa para o BC é a inflação ao longo deste ano, do ano que vem”, afirmou.

Em outro momento, em resposta a um pergunta semelhante, relacionada ao efeito do preço do diesel na inflação, Goldfajn lembrou que a inflação é uma média de vários preços. “Alguns itens caem e outros sobem. Não vou comentar um item sozinho. Temos que ter a média dos preços da economia andando mais devagar”, afirmou. “Às vezes acontece de termos choques que levam para baixo e outros para cima. BC tem de trabalhar com a média da inflação”, disse.

Câmbio

Ao responder a uma pergunta sobre como o Banco Central (BC) avalia a possibilidade de controlar o câmbio para evitar pressões inflacionárias, Goldfajn reforçou que o único instrumento de controle dos preços internos é a taxa básica de juros.

“O BC tem um instrumento, que é a taxa de juros, e é esse instrumento que usa pra controlar a inflação. Tivemos certo sucesso até o momento e a inflação caiu para abaixo de 3%”, comentou Goldfajn durante encontro com empresários promovido na zona sul da capital paulista pelo Lide.

O presidente do BC repetiu durante o evento que o cenário internacional se tornou “mais desafiador”, mas destacou que a economia brasileira conta hoje com amortecedores que não tinha no passado. Nesse ponto, citou a redução do déficit nas transações correntes – inferior a 0,5% do PIB e que, segundo ele, poderá virar superávit nos próximos doze meses -, as reservas internacionais de US$ 380 bilhões e o estoque de swap cambial. “Hoje, com a mudança no cenário internacional, estamos usando um pouco desse colchão”, declarou Goldfajn, referindo-se aos leilões de swap feitos pelo BC para conter a disparada do dólar.

O presidente do BC frisou ainda que o quadro de inflação abaixo da meta dá um conforto para a condução da política monetária e que o sistema financeiro se mostra bastante resiliente, ao passo que as empresas têm exposição ao choque externo menor do que no passado.