Pesquisadores belgas relataram neste domingo (sábado, 10, no Brasil) o caso inédito de uma nonagenária que morreu em março de covid-19, após ter sido infectada simultaneamente por duas variantes diferentes, a Alpha (britânica) e a Beta (sul-africana), um fenômeno “subestimado”.

“Este é um dos primeiros casos documentados de coinfecção com duas variantes preocupantes do SARS CoV 2”, disse a autora do estudo, a bióloga molecular Anne Vankeerberghen, citada em um comunicado do Congresso Europeu de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas (ECCMID).

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No Brasil, dois casos de pessoas infectadas por duas variantes diferentes foram relatados em janeiro em um estudo, mas esse “ainda não foi publicado em revista científica”, explicou o ECCMID.

Em 3 de março de 2021, a mulher de 90 anos, sem antecedentes médicos em particular e não vacinada, foi internada em um hospital na cidade belga de Aalst após várias quedas, de acordo com este estudo de caso, apresentado no congresso e revisado por seus pares no comitê de seleção.

A idosa, que testou positivo para covid-19 ao chegar, apresentava inicialmente “um bom nível de saturação de oxigênio e nenhum sinal de dificuldade respiratória”, segundo o ECCMID. No entanto, ela “rapidamente desenvolveu sintomas respiratórios agravados e morreu cinco dias depois”, afirma a nota.

De acordo com a bióloga do hospital OLV em Aalst, “é difícil dizer se a coinfecção por duas variantes desempenhou um papel na rápida deterioração da condição do paciente”.

Em extensos testes e mediante sequenciamento, o hospital descobriu que ela havia sido infectado com duas cepas do vírus que causa a covid-19: uma originária do Reino Unido, chamada Alpha, e a outra inicialmente detectada na África do Sul, chamada Beta.

“As duas variantes estavam circulando na Bélgica na época (março de 2021), então é provável que a mulher tenha sido coinfectada por duas pessoas diferentes. Infelizmente não sabemos como ela foi contaminada”, acrescentou Vankeerberghen.

Até o momento, “não há nenhum outro caso publicado” de coinfecção com duas variantes, apontou a pesquisadora, que considera “crucial” continuar o sequenciamento e o estudo de um fenômeno “provavelmente subestimado”.