A Volkswagen anunciou o fim da produção do Fusca para 2019. O modelo, um dos mais icônicos desde a invenção do automóvel, não fará mais parte da linha de montagem da empresa alemã a partir de julho do próximo ano, após quase sete décadas de história. Estima-se que 21 milhões de unidades tenham sido produzidas desde a década de 1930.

Antes, a empresa colocará no mercado duas edições comemorativas, chamadas de “Final Edition”. O modelo tradicional deverá ser comercializado a US$ 23 mil (cerca de R$ 95 mil) e uma versão conversível a US$ 27 mil (aproximadamente R$ 99 mil).

“A perda do Fusca depois de três gerações, ao longo de quase sete décadas, evocará uma série de emoções dos muitos fãs devotos”, disse Hinrich Woebcken, presidente-executivo da Volkswagen Group of America.

O fim da era Fusca integra uma mudança na estratégia de mercado da empresa alemã. Influenciada pelas transformações culturais, a montadora deverá ampliar os investimentos nos veículos elétricos e em carros para famílias.

A queda das vendas no mercado norte-americano também impactou na decisão. Entre janeiro e agosto deste ano, a empresa vendeu 11,151 modelos, uma queda de 2,2% em relação ao mesmo período de 2017. Segundo analistas, os consumidores têm preferido carros mais espaçosos, como a Tiguan e o sedã Jetta, aos modelos tradicionais.

“Nunca diga nunca”

A produção do Fusca já foi encerrada e retomada por diversas vezes ao longo das últimas décadas. O último projeto original do modelo foi lançado pela Volkswagen em 2013, para ser montado no complexo industrial da empresa no México.

Antes, o modelo New Beetle, baseado no projeto Golf, foi um enorme sucesso em todo o mundo. Somente nos EUA, foram comercializados mais de 80 mil unidades em 1999.

Analistas acreditam que a Volkswagen teria revisado o projeto para tornar o New Beetle elétrico, mas  decidiu abandonar o projeto. Apesar do anúncio do fim, Woebcken ainda deixa um pouco de esperança aos fãs do Fusca: “Nunca diga nunca”, afirmou sobre o fim definitivo do modelo.

O carro do povo

A história do Fusca remete a década de 1930, na Alemanha nazista. O ditador Adolf Hitler encomendou a Ferdinand Porsche “o carro do povo” – Volkswagen em alemão. A série foi um sucesso na época, mas precisou ser interrompida durante a Segunda Guerra Mundial.

O modelo entrou em produção em massa após o conflito, e estreou na América do Norte em 1949. Em duas décadas, tornou-se um dos veículos mais vendidos no mundo.

A fama do Fusca também foi alçada por diversos ícones da cultura pop. O modelo foi o protagonista da séria de filmes Herbie, iniciada em 1968. Na mesma década, o desenho compacto e simples ganhou a simpatia dos hippies, que transformaram o Fusca em um dos símbolos da contra-cultura. Anos depois, o modelo ainda ganharia milhares de biografias e documentários ao redor do mundo.