SÃO PAULO (Reuters) – O principal índice de ações da bolsa brasileira passou a subir nesta terça-feira, após duas sessões de queda, mesmo diante de recuo firme das ações nos Estados Unidos com ansiedade acerca da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed), na quarta-feira.

Ações de instituições financeiras e da Vale ajudavam o índice, enquanto a principal contribuição vinha de Suzano.

Às 11:36, o Ibovespa subia 0,61%, a 108.594,74 pontos. O volume financeiro era de 4,9 bilhões de reais.

O aniversário da cidade de São Paulo conta com operações nos mercados financeiros brasileiros a partir deste ano, mas os negócios podem registrar menor volume.

A reunião de autoridades do banco central norte-americano começa nesta terça-feira e o resultado será divulgado no dia seguinte, com discurso do chair do Fed, Jerome Powell, na sequência. O mercado precifica alta de 0,25 ponto percentual na taxa de juros do país em março e mais três elevações até o fim de 2022.

A perspectiva de aumento nos juros nos EUA vem derrubando as bolsas norte-americanas no início deste ano, já que um aperto monetário, entre outros fatores, reduziria a liquidez dos mercados globais e afetaria o custo de capital das empresas.

Os principais índices de ações em Wall Street caíam mais de 1% nos primeiros negócios, após recuperarem perdas nos últimos minutos do pregão da véspera.

Além do Fed, investidores mantinham no radar as tensões geopolíticas na Ucrânia, após a Rússia acumular tropas nas fronteiras com o país vizinho e ser acusada por outras nações de planejar uma invasão –o que Moscou nega.

A Rússia anunciou nesta terça-feira que está observando com grande preocupação movimentos dos EUA de colocarem tropas em alerta para destacar para a Europa no caso de uma escalada na crise na Ucrânia.

A ministra britânica das Relações Exteriores, Liz Truss, afirmou que irá visitar a Ucrânia na semana que vem e voltou a reiterar ameaças de sanções econômicas caso a Rússia realize uma ofensiva na Ucrânia.

A cena local estava mais esvaziada, após sanção do Orçamento de 2022 pelo presidente Jair Bolsonaro incluir previsão de 1,7 bilhão de reais para reajuste salarial para servidores. Potenciais medidas para reduzir tributos sobre os combustíveis eram observadas com atenção pelos investidores.

Entre os dados macroeconômicos, a confiança do consumidor brasileiro voltou a cair e bateu uma mínima em nove meses em janeiro, afetada pela percepção incerta sobre a situação econômica geral e as finanças familiares, segundo dados divulgados pela Fundação Getulio Vargas (FGV) mais cedo.

DESTAQUES

– VALE ON subia 1% e siderúrgicas operavam mistas, após futuros do minério de ferro avançarem na Ásia, com mineradoras incluindo a Fortescue elevando preocupações sobre a escassez de mão de obra na Austrália por causa das restrições do Covid-19, o que pode prejudicar a produção e os embarques do ingrediente siderúrgico.

– SANTANDER BRASIL UNIT ganhava 2,4%, ITAÚ UNIBANCO PN subia 0,7%, BRADESCO PN avançava 1%, assim como BANCO DO BRASIL ON.

– PETROBRAS PN operava estável, enquanto PETROBRAS ON caía 0,5%, em meio a leve avanço do petróleo.

– SUZANO ON cedia 3,5%, quinta queda consecutiva.

– CARREFOUR BRASIL ON subia 0,9%, após a superintendência-geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica recomendar ao tribunal do órgão a aprovação da aquisição do Grupo BIG Brasil, mas condicionando o negócio ao desinvestimento de algumas unidades do varejo de autosserviço.

– CYRELA ON subia 3,8%, EZTEC ON avançava 2,7% e JHSF ON ganhava 2,4%, em sessão positiva para papéis sensíveis a taxa de juros, como construtoras e empresas ligadas ao setor de tecnologia.

– GPA ON caía 0,8% e ASSAI ON cedia 4,1%. A ação de GPA disparou mais de 7% na véspera.

(Por Andre Romani; edição de José de Castro)

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