O Índice Bovespa emplacou nesta sexta-feira sua quarta alta consecutiva e encerrou com relativa tranquilidade um mês marcado por turbulências e volatilidade. A esperança de uma amenização da guerra comercial entre Estados Unidos e China foi o fator externo que deu sustentação às ações nos últimos dias e, por aqui, o destaque da semana ficou com o desempenho melhor que o esperado da economia brasileira no segundo trimestre do ano. Em alta desde a abertura, o Ibovespa terminou o dia aos 101.134,61 pontos, com ganho de 0,61%. Assim, terminou a semana em alta de 3,55% e o mês de agosto, com baixa de 0,67%.

A combinação entre o corte de 0,5 ponto porcentual na taxa Selic e a leve aceleração do Produto Interno Bruto (PIB) deram vantagem às ações de consumo e varejo em agosto, que tiveram desempenho essencialmente positivo. Já o estresse com a tensão comercial no exterior impôs perdas aos papéis de empresas de commodities no acumulado do mês. Na análise setorial, o Índice de Materiais Básicos (IMAT) teve queda de 8,23% em agosto, enquanto o Índice de Consumo (ICON) avançou 4,48% no período.

“Agosto foi um mês marcado pelos riscos de recessão global, com os efeitos do corte de juros nos Estados Unidos (em 31/07) e sinalização de estímulos feita pelo BCE. Tivemos a crise da Argentina, um importante parceiro comercial brasileiro, que pode prejudicar nosso setor automobilístico. Foi um período muito tumultuado, mas a bolsa até que terminou bem, com uma queda pequena”, disse Pedro Galdi, analista da Mirae Asset.

Segundo Galdi, para setembro as atenções continuarão concentradas nos mesmos temas, mas há uma chance de melhora nos ânimos. “Tudo depende dos tweets do presidente Trump, mas ele já está em campanha eleitoral e pode diminuir o tom. Por aqui, a conclusão da reforma da Previdência e início da tramitação da tributária podem ser os pontos positivos em setembro”, afirmou o analista.

Em meio à forte aversão ao risco que tomou os mercados globais, as últimas quatro semanas foram de expressiva saída de recursos externos do mercado brasileiro. Até a última quarta-feira (28), o saldo dos investimentos estrangeiros na B3 indicava saída de R$ 12,099 bilhões, mais da metade (53%) de tudo o que saiu da bolsa no acumulado do ano (R$ 22,533 bilhões).

Analistas ouvidos pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, ao longo do mês atribuíram as retiradas à elevada liquidez do Brasil na comparação aos emergentes, inclusive a Argentina, que teve sua classificação de risco rebaixada. Como a aversão ao risco fez o dólar à vista subir 8,45% no mês, o resultado do Ibovespa dolarizado mostrou queda no índice de 8,40% nesse período.