Em sessão de abertura de mês espremida junto ao fim de semana, o Ibovespa subiu um degrau a mais, agora aos 121 mil pontos, marca não vista desde meados de agosto passado. Desde a manhã, a referência da B3 manteve o sinal positivo apesar da cautela em Nova York (que, ao final, virou e fechou em alta) e também no petróleo, em meio à liberação de reservas estratégicas para conter a escalada da commodity. Neste 1º de abril, o Ibovespa subiu 1,31%, aos 121.570,15 pontos, melhor nível de encerramento desde 11 de agosto, então aos 122.056,34 pontos. No intradia, chegou hoje a 121.578,84, o maior patamar desde 12 de agosto (122.095,40), saindo de abertura hoje a 120.001,02, correspondente à mínima da sessão.

O giro financeiro ficou em R$ 32,6 bilhões nesta sexta-feira e, na semana, o índice acumulou alta de 2,09%, o terceiro avanço consecutivo, vindo de ganhos de 3,27% e de 3,22% nos intervalos anteriores. Trata-se da melhor sequência desde os cinco ganhos seguidos observados de janeiro a fevereiro, iniciado com um avanço de 4,10% na primeira semana do ano.

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O desempenho de Vale (ON +1,42%) e de empresas de consumo e serviços voltados à economia doméstica, como Méliuz (+9,37%), Cielo (+8,04%), Banco Inter (+7,78%) e Cogna (+7,77%), na ponta do Ibovespa, foram o contraponto ao dia negativo para Petrobras (ON -0,03%, PN -1,32%) e misto para os grandes bancos (Bradesco PN -1,08%, Itaú PN +0,29%). Entre as maiores perdas na sessão, destaque para Suzano (-1,70%), Klabin (-1,62%) e Usiminas (-1,43%).

A Agência Internacional de Energia (AIE) informou hoje em comunicado que houve um acordo entre seus 31 membros para uma nova liberação de reservas de petróleo, “em resposta à turbulência no mercado causada pela invasão russa da Ucrânia”. A entidade diz que detalhes sobre essa liberação serão tornados públicos apenas no início da próxima semana.

Nesta sexta-feira (1º), a B3 divulgou a primeira prévia, do total de três, para a próxima carteira de ações que irá compor o Ibovespa a partir do dia 2 de maio, com entrada de SLC Agrícola (SLCE3), e nenhuma remoção de nomes, o que elevaria de 92 para 93 papéis a composição da carteira do índice, aponta a XP Investimentos em relatório.

O mercado está com expectativa mais conservadora para o comportamento das ações no curtíssimo prazo, segundo o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. A percepção de que a próxima semana será de ganhos, porém, continua sendo majoritária entre os participantes. A pesquisa mostra fatia de 46,15% dos que esperam ganhos para o Ibovespa no período entre 4 e 8 de abril, porcentual bem aquém dos 61,54% da semana passada. Os que preveem variação neutra são 30,77% (23,08% na última sondagem), enquanto a parcela que espera queda subiu de 15,38% para 23,08%.

Hoje, as ações tiveram, a princípio, um início de trimestre “sem brilho” nos Estados Unidos, observa em nota Edward Moya, analista da OANDA em Nova York, em dia de divulgação de nova leitura sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos, com criação de 431 mil vagas, ainda intensa embora abaixo da expectativa de consenso, de 490 mil para o mês de março.

“O mercado de trabalho continua forte e os empregadores estão progredindo no preenchimento de vagas. O relatório de manufatura da ISM também divulgado nesta sexta-feira confirmou a grande história contada sobre o emprego, mas mostrou que a inflação está ficando pior e a atividade está diminuindo, à medida que os problemas da cadeia de suprimentos persistem”, acrescenta o analista.

“Mais uma demonstração de força, hoje, do mercado de trabalho americano, com queda da taxa de desemprego, agora a 3,6%, em recuperação espalhada por vários grupos da população, desde os mais aos menos escolarizados. O que se reflete também nos ganhos salariais, em aceleração, mês a mês, o que representa também inflação para o Fed considerar. Vale lembrar que a taxa de desemprego estava a 6% um ano atrás”, diz Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, que acredita em acentuação do ritmo de alta da taxa de juros nos Estados Unidos, de 0,25 ponto para 0,50 ponto porcentual.

“Aqui, a balança comercial com superávit (recorde para o mês, de US$ 7,383 bilhões em março), por mais que tenha vindo um pouco abaixo do que esperava o mercado, retrata bem o que o estrangeiro está enxergando no Brasil desde janeiro, como um país ‘net’ exportador (exportador líquido), favorecido por commodities em níveis mais elevados, e por tempo prolongado. Brasil é uma das escolhas do estrangeiro, embora haja uma discussão grande quanto a esse fluxo, se é muito especulativo ou não, e por quanto tempo permanecerá”, acrescenta Cruz.