A escalada das ações da Petrobras impediu o Índice Bovespa de ceder à aversão ao risco que derrubou bolsas de valores em todo o mundo nesta sexta-feira, 2. Os papéis da petroleira subiram em razão dos números positivos de seu resultado trimestral e contribuíram em grande parte para a alta de 0,54% do índice, que fechou aos 102.673,68 pontos. No exterior, a frustração das expectativas de entendimento nas relações comerciais entre Estados Unidos e China continuou a incentivar o investidor a fugir dos ativos de risco.

Petrobras ON e PN terminaram o dia com ganhos de +3,03% e +3,59%, um dia depois de a estatal ter anunciado números fortes no seu balanço. A recuperação dos preços do petróleo também ajudou a impulsionar os papéis. As altas foram um importante contraponto à queda de 1,16% da Vale, por exemplo, que acompanhou a forte desvalorização do minério de ferro no mercado chinês, em meio às ameaças de tarifação feitas entre Estados Unidos e China.

“As declarações de Donald Trump no sentido de promover nova taxação a produtos da China retiraram do cenário a perspectiva de que os dois países pudessem voltar a conversar direito. É algo que preocupa, porque não é algo trivial e a reação nos mercados é sempre muito imediata”, disse Victor Beyruti, da equipe de análise da Guide Investimentos.

Beyruti afirma que um dos temores é que os mercados internacionais voltem a apresentar volatilidade e desempenho negativo semelhante ao do mês de maio, quando as bolsas de Nova York registraram quedas de até 7% no período, sob o temor da guerra comercial. “Não que esse desempenho vá se repetir em agosto, mas é algo com potencial para atrapalhar o mercado brasileiro, que até quinta apontava para a retomada dos 104 mil pontos”, afirma.

O analista Glauco Legat, da Necton Corretora, chama a atenção para a discrepância entre as ações do mercado brasileiro, que levaram o índice de small caps a terminar julho com ganho de 6,4%, muito acima do 0,84% do Ibovespa. “É uma evidência de que há uma perspectiva melhor para ações ligadas ao mercado interno, enquanto os papéis de exportadoras estão mais sujeitos ao exterior. A exceção são os bancos, que embora estejam ligados à economia doméstica, estão em um contexto de pressão estrutural, com maior competitividade”, afirmou.