A crise em torno da paralisação dos caminhoneiros continuou no centro das atenções do mercado de ações nesta sexta-feira, 25. O cenário internacional também colaborou para a deterioração das ações, dadas as quedas do petróleo, das bolsas de Nova York e das emergentes. O Índice Bovespa operou em terreno negativo na maior parte do dia e fechou aos 78.897,66 pontos – menor patamar desde 10 de janeiro -, em queda de 1,53%. Na semana, houve perda acumulada de 5,04%. Os negócios do dia somaram R$ 11,8 bilhões.

A maior movimentação aconteceu à tarde, quando o presidente Michel Temer anunciou o uso das Forças Armadas para tentar pôr fim aos bloqueios nas rodovias, o que aumentou o clima de incerteza nos negócios. Rumores sobre a permanência de Pedro Parente à frente da Petrobras também levaram o Ibovespa a ampliar as perdas no período vespertino, com as ações da Petrobras abandonando uma sofrida tentativa de recuperação das perdas recentes. Parente negou qualquer intenção de entregar o cargo, mas o mau humor persistiu.

Pouco antes das 17h, a Abcam, principal entidade contrária ao acordo entre caminhoneiros e o governo federal, distribuiu nota à imprensa informando que pediu aos motoristas que liberassem as rodovias interditadas. A mudança de orientação foi motivada pelo aceno de Temer de que utilizaria força para liberar as estradas. Ao final dos negócios, Petrobras ON e PN caíram 0,73% e 1,39%. Na semana, os papéis da estatal perderam mais de 20%.

“A percepção nos mercados foi de um governo ferido, nocauteado. Além disso, continuou a pesar o temor dos reflexos dessa paralisação na inflação, nos juros e no PIB. A questão principal é saber avaliar até que ponto chegarão esses desdobramentos”, disse Guilherme Macêdo, sócio da Vokin Investimentos. Segundo o analista, a confusão gerada pela paralisação também deve ter efeitos no cenário eleitoral, uma vez que questões mais estruturais, como a dos impostos, deverão estar na pauta dos candidatos.

Para Ignácio Crespo, economista da Guide Investimentos, é importante ressaltar o cenário internacional adverso nesta sexta-feira, que também teve importante influência sobre os negócios. “É um cenário ainda bastante desafiador para emergentes no geral, que coloca o Brasil em linha com a percepção de risco de seus pares. Os Estados Unidos divulgaram dados fortes de bens duráveis, acima do esperado, que contribuem para um dólar ainda mais forte lá fora”, disse.