Dados robustos da China corroborando a percepção de recuperação de um dos principais parceiros do Brasil limitam o Ibovespa de subir pelo quinto dia seguido. Ainda assim, o índice da B3 tem condições de ter uma terceira semana consecutiva de ganhos. Até o momento, acumula 2,46% de elevação no período.

O crescimento do PIB chinês do primeiro trimestre, da produção industrial e do varejo, ambos de março, chegaram a deixar as ações ligadas a commodities metálicas no campo positivo perto da abertura do pregão. No entanto, isso durou pouco, e os papéis também passam por realização de lucros, depois do avanço da véspera.

Além disso, os sinais das bolsas em Nova York são mistos, enquanto as europeias avançam, de certa forma refletindo os indicadores chineses e o fechamento robusto ontem dos mercados de ações norte-americanos. Na véspera, o Ibovespa também subiu, mas com menos intensidade, com 0,34%, aos 120.700,67 pontos, deixando um pouco de lado os problemas fiscais e políticos que seguem no radar

“O crescimento 18,3% do PIB da China é muito bom, mas só que era mais ou menos esperado, apesar de que o mercado aguardava um pouco mais previsão 19,2%. Além disso a alta da produção industrial 14,1% veio menor que o projetado 16,5%. Em contrapartida, as vendas do varejo em março subiram mais 34,2% ante previsão de 28%”, avalia Mauro Orefice, diretor de investimentos da BS2 Asset.

De acordo com Orefice, a expansão das vendas varejistas chinesas assim como o salto visto no dado dos EUA ontem reforçam os efeitos dos estímulos dos governos e dos bancos centrais para estimular suas economias que ainda estão sofrendo os efeitos da pandemia de covid-19. “Além disso, reflete a volta da confiança”, acrescenta.

De acordo com Rodrigo Knudsen, gestor da Vitreo, os indicadores chineses e americanos só reforçam o quão importante é a imunização contra a pandemia de covid-19 para a retomada do crescimento. “Isso tudo é uma questão de vacinação principalmente. É natural que tenha esse comportamento dados em meio a uma demanda reprimida”, observa, completando que a tendência é que o Brasil também siga o mesmo caminho em breve.

Contudo, os entrevistados acreditam que a decisão do STF de anular as condenações da Lava Jato, o que torna o ex-presidente Luiz Inácio lula da Silva elegível, e que é apontado como o principal adversário do presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2022, já estaria “precificada”.

“Se olhar bem, não temos muitos indicadores hoje. Ainda tem esse imbróglio do orçamento de 2021, mas acho que assim como a questão do STF já está no preço”, diz Knudsen.

Da mesma forma, Orefice acredita que a reunião do Conselho de Administração da Petrobras, hoje, para aprovar a posse do novo presidente da empresa, o general Joaquim Silva e Luna, e da diretoria que vai acompanhá-lo na gestão da estatal, não deve ter novidades. “A não ser que tenha alguma mudança na política da empresa, mas não é isso que se espera por ora”, diz.

Às 10h56, os papéis da Petrobras caíam 0,56% (PN) e cediam 1,27% (ON), seguindo o declínio entre 0,83% (Nova York) e de 0,58% (Londres) do petróleo.

O Ibovespa cedia 0,38%, na mínima aos 120.242,62 pontos, após máxima aos 121.001,33 pontos.