Embora retardatário em relação a Nova York na sessão e também na semana, o Ibovespa acumulou ganho de 3,18% no intervalo, após avanços de 1,46% e de 1,70% nas duas semanas anteriores.

Nesta sexta, após alguma indecisão, conseguiu se firmar em alta e acima dos 112 mil pontos no meio da tarde, mas fechou o dia pouco acima da estabilidade (+0,05%), aos 111.941,68 pontos, entre mínima de 111.558,24 e máxima de 112.440,80 pontos, saindo de abertura aos 111.889,88.

Faltando apenas duas sessões para o encerramento do mês, avança agora 3,77% em maio, colocando a alta do ano a 6,79%. Nesta sexta, o giro ficou em R$ 24,1 bilhões.

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Em dia de dólar em baixa – a R$ 4,73 no fechamento do spot -, de avanço para o Brent, de apetite por risco e firmes ganhos para os índices acionários no exterior, o comportamento das ações de Petrobras destoou, com a ON em queda de 4,17% e a PN, de 4,76% no fechamento.

A transferência de comando na estatal ainda traz incerteza sobre os preços dos combustíveis, em momento no qual a pressão política sobre a empresa se estende ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que defendeu que o governo, acionista majoritário, venda ações ou privatize a companhia, na medida em que não consegue exercer controle na estatal.

O reforço da pressão política sobre os rumos da Petrobras vem no momento em que nova pesquisa Datafolha, da noite de quinta-feira, sinaliza possibilidade de vitória do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda no primeiro turno. Inflação e dificuldades econômicas são vistas como os principais indutores do crescimento do polo opositor ao governo, e domínio da narrativa sobre os preços é fundamental para que o Planalto, ante rejeição especialmente entre os mais pobres, leve o jogo ao menos para o segundo turno.

“O dólar caiu na semana aproximadamente 3%, com algum alívio sobre o ritmo de alta de juros pelo Fed, que pode ficar em três aumentos até o fim do ano. Aqui, a redução do ICMS na Câmara, embora ruim para a arrecadação de estados e municípios, tende a aliviar a inflação, pelo efeito sobre transportes e fretes, entre outros segmentos. Mas há também preocupação agora quanto a falta, possivelmente pontual e restrita a certas regiões, de diesel no segundo semestre, o que teria, por outro lado, impacto de alta sobre os preços”, diz Rodrigo Simões, professor da FAC-SP, especialista em economia e finanças.

Apesar do desempenho negativo de Petrobras na sessão, o avanço de Vale (ON +1,74%), assim como da maioria das siderúrgicas (CSN ON +3,10%, Gerdau PN +1,24%) e dos bancos (Unit do Santander +1,02%, Itaú PN +0,54%. Bradesco PN +1,43%), à exceção de BB (ON -1,09%), manteve o Ibovespa acima da linha d’água em boa parte desta sexta-feira, inclinando-o moderadamente ao positivo no fechamento. Embora bem leve, foi a segunda alta consecutiva, em série sem perdas que retroage a 19 de maio, o correspondente a sete sessões – na quarta, o Ibovespa teve o pior desempenho da sequência, ao fechar sem variação.

“Petrobras está em situação delicada, essas mudanças de presidente trazem incerteza muito grande. O mercado mundial de diesel está muito apertado, com redirecionamento de produção para a Europa, em meio aos problemas guerra por lá. Há um temor considerável de que possa faltar diesel no Brasil no segundo semestre”, observa Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.

Ante a incerteza, a forte valorização acumulada até aqui pelas ações da Petrobras em maio (ON +11,32%, PN +12,38%), e também no ano (na casa de 30% a 31% para ambas), induz os investidores a “colocar lucro no bolso” no encerramento de semana que antecede o feriado de Memorial Day nos Estados Unidos, aponta Bruno Madruga, head de renda variável da Monte Bravo Investimentos. “A Petrobras se valorizou bem e hoje há uma diminuição de exposição, com o investidor embolsando os lucros para não passar o final de semana posicionado”, acrescenta.

Na ponta do Ibovespa nesta sexta-feira, destaque para BRF (+4,82%), Minerva (+4,40%) e CSN (+3,10%). No lado oposto, Yduqs (-4,49%), junto das ações PN (-4,76%) e ON (-4,17%) da Petrobras.