A decisão de política monetária do Federal Reserve trouxe volatilidade ao mercado brasileiro de ações, que seguiu à risca o desempenho instável das bolsas de Nova York. As diferentes interpretações sobre os próximos passos do BC americano conduziram o Índice Bovespa no período da tarde, ampliando o sinal negativo que já predominava desde o período da manhã. Ao final do pregão, o índice teve queda de 1,09%, aos 101.812,13 pontos. Com esse resultado, encerrou o mês de julho com ganho de 0,84%.

O Ibovespa já vinha oscilando em terreno negativo desde o período da manhã, à espera das decisões de política monetária do Fed e do Comitê de Política Monetária (Copom). Mas o pior momento do dia veio justamente após as declarações do presidente do Fed, Jerome Powell. Em um primeiro momento, ele afirmou que a decisão de hoje da instituição de cortar a taxa de juros básica do país em 0,25 ponto porcentual, para a faixa de 2,0% a 2,25%, foi um “ajuste no meio de um ciclo” da política monetária. Mais à frente, disse que não é possível afirmar que não haverá outros cortes nos juros à frente.

Na dúvida sobre se haveria ou não mais cortes de juros, as bolsas de Nova York renovaram sucessivas mínimas e o Ibovespa chegou a cair 1,93%, atingindo a marca dos 100.950,36 pontos. Depois que Powell admitiu que novo corte pode ocorrer, houve uma desaceleração em Nova York e no Brasil, mas a volatilidade continuou presente até o fechamento dos pregões aqui e em Wall Street.

As ações dos bancos, bloco de maior peso na composição do Ibovespa, já vinham liderando as quedas desde cedo e também foram as protagonistas nos piores momentos do pregão. No fechamento, o Índice Financeiro (IFN), que reúne 17 ações de bancos, previdência e seguros, teve queda de 1,96%, bem acima do Ibovespa e dos demais índices setoriais. Nesse grupo, os destaques foram Itaú Unibanco (-2,66%), Bradesco ON (-3,39%) e Bradesco PN (-2,54%).

Para Pedro Galdi, analista da Mirae Asset, a decisão do Fed e as declarações não mudam muito o cenário para o mercado brasileiro, que continuará a monitorar indicadores econômicos e questões comerciais entre Estados Unidos e China, em busca de pistas sobre os próximos passos do BC americano. “O corte de 0,25 ponto ficou dentro do esperado e as atenções agora se voltam à reunião do Copom. O mercado espera um corte de 0,50 ponto na taxa Selic. Se isso não acontecer, a quinta-feira será de ajustes”, afirma.

Mas, mais que a decisão do Copom, ressalta Galdi, o mercado aguarda mesmo são medidas fiscais e de incentivo à economia. “O mercado espera que o governo faça a parte dele, com um conjunto de medidas que se espera depois da aprovação da reforma da Previdência. Se a reforma não avançar por algum motivo, acaba o ano”, afirma.