SÃO PAULO (Reuters) – O principal índice da bolsa brasileira subiu nesta sexta-feira e estendeu recuperação da véspera, apesar de um clima cauteloso nos mercados externos, após a divulgação de dados de emprego nos Estados Unidos.

Ações de empresas ligadas a commodities e ao setor financeiro novamente deram suporte ao índice.

O Ibovespa subiu 1,14%, a 102.719,47 pontos, na máxima da sessão. Ainda assim, caiu 2% na semana por conta da baixa nos três primeiros pregões do ano. O volume financeiro da sessão foi de 26,3 bilhões de reais.

As bolsas norte-americanas tiveram desempenho misto, com destaque negativo para o Nasdaq, que cedeu quase 1% e fechou a semana com baixa de 4,5%. O índice segue pressionado pela perspectiva de alta de juros nos EUA, o que tem efeito especial sobre as empresas mais dependentes crescimento e do custo de capital, como as de tecnologia.

Moedas Globais: dólar recua ante rivais, com payroll dos EUA e dados da Europa

A criação de vagas de trabalho fora do setor agrícola nos EUA em dezembro somou, em termos líquidos, 199 mil postos, disse o Departamento do Trabalho, contra estimativa de 400 mil em pesquisa Reuters com analistas.

O dado abaixo do esperado poderia jogar contra as discussões do Federal Reserve (Fed), divulgadas na quarta-feira, sobre subir os juros antes do previsto, já que ele próprio condicionou a alta nos juros a um mercado de trabalho com “pleno emprego”.

Mas na leitura do mercado, outros números divulgados nesta sexta-feira sobressaíram-se e reforçaram o discurso da ata. A taxa de desemprego, por exemplo, caiu para 3,9% em dezembro, contra estimativa do mercado de 4,1% e ante 4,2% no mês passado.

“O mercado americano continua bastante aquecido, isso a gente percebe na métrica de desemprego e nos salários subindo um pouco mais do que a expectativa”, disse Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos.

Em meio a essas discussões, o Ibovespa manteve-se no azul durante quase todo o dia.

“Parece que a gente está deixando um pouco de lado nossos problemas locais, que acabaram refletindo bastante no primeiros pregões da semana”, disse Komura. Mas ressaltou que questões como incertezas sobre a atividade econômica e a pauta fiscal devem causar bastante volatilidade no ano.

Na Europa, o índice pan-europeu STOXX 600 caiu, após a inflação na zona do euro acelerar mais do que o esperado em dezembro e diante de aumento de casos de Covid-19 na região.

DESTAQUES

– INTER UNIT disparou 15,46%, maior alta desde novembro, após o UBS BB elevar recomendação para o papel, de “neutra” para “compra”, destacando potencial de alta para o ativo, que vem de quedas recentes contundentes.

– XP subiu 2,4% em Wall Street após anunciar a compra de até 100% do Banco Modal. Modal, que não está no Ibovespa, saltou 44,9%.

– VALE ON subiu 5,8%, após o minério de ferro ampliar ganhos na bolsa de Dalian, com otimismo sobre potencial recuperação da demanda por aço. Siderúrgicas também tiveram pregão positivo, com USIMINAS PN avançando 4,8% e CSN ON marcando ganhos de 4,2%.

– AMERICANAS ON caiu 5,3%, LOJAS AMERICANAS PN cedeu 5,4%, VIA ON recuou 4,36% e MAGAZINE LUIZA ON teve queda de 0,48%.

– PETROBRAS PN subiu 0,46% e PETROBRAS ON teve alta 0,8%, enquanto 3R PETROLEUM avançou 6,9%, mesmo com o petróleo em queda. PETRORIO subiu 4,54%, após divulgar dados operacionais.

– ITAÚ UNIBANCO PN subiu 2,2% e BRADESCO PN teve alta de 1,45%, puxando papéis de bancos na sessão pelo segundo pregão consecutivo.

– ELETROBRAS PN e ON caíram 3,3% e 4,38%, respectivamente, na quinta baixa consecutiva. No radar dos investidores, está o processo de privatização da companhia.

– AMBEV ON caiu 1,62%, na nona queda seguida.

 

(Por Andre Romani)