A bolsa conseguiu impulso para retomar o nível dos 108 mil pontos, perdido na sexta-feira passada, em uma sessão de negócios que iniciou com desvalorização refletindo o cenário internacional que ganhou certa complexidade no final de semana. A avaliação de analistas é a de que o dia tenha tido um componente mais forte de ajustes por um exagero de pessimismo visto no pregão anterior, quando o índice à vista perdeu quase 2%. Nos últimos minutos, o indicador acelerou a alta para 0,69% e fechou na máxima do dia, aos 108.367,44 pontos. O volume financeiro foi de R$ 14,7 bilhões.

Pouco antes do final do pregão, o governo anunciou um conjunto de medidas para tentar alavancar o mercado de trabalho, o chamado emprego Verde Amarelo, que tem como foco jovens entre 18 e 29 anos e meta de gerar 1,8 milhão de postos de trabalho até o fim de 2022.

Filipe Villegas, estrategista da Genial Investimentos, diz que a ação é positiva, apesar de já amplamente esperada, mas entra em um contexto econômico mais favorável, juntamente com maior liberação tanto de crédito quanto do FGTS. “Isso mantém as perspectivas de um melhor Natal para o comércio desde 2013 e impulsiona a valorização das companhias. Ajuda as empresas mais ligadas ao varejo, que deram sua contribuição de alta hoje”, disse. No setor, Magazine Luiza subiu 2,76% e Lojas Renner avançou 3,33%.

Nesse sentido, diz Villegas, há uma tendência positiva, por enquanto. “As questões que pressionaram pela manhã tiveram efeito isolado. No entanto, a falta da continuidade de notícias internas positivas pode levar o índice a se acomodar nesse nível ou ainda iniciar movimento de realização”.

O fato de Lula estar novamente em liberdade ficou em segundo plano para os negócios na avaliação de analistas. Em artigo para o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, Rafael Cortez, sócio da Tendências Consultoria, diz que o efeito da saída do ex-presidente é alterar o conteúdo da agenda legislativa. A tendência é de movimentação das forças políticas em direção à produção legislativa destinada à reversão da nova interpretação do Supremo. Naturalmente, o debate deve minimizar o espaço para a agenda econômica e provocar divisões na centro-direita.