A decepção com o lucro da Petrobras no terceiro trimestre, que veio 37% abaixo do esperado segundo o Prévias Broadcast, colabora para a depreciação de mais de 1% do Ibovespa neste início de pregão da terça-feira, 6, marcado por uma realização de lucros. A desvalorização do índice já era esperada depois de quatro altas consecutivas. Na segunda, o indicador bateu recorde histórico, aos 89.598 pontos.

“É uma realização natural, até porque o noticiário político não tem sancionado maiores otimismos”, afirmou o sócio e estrategista da Laic-HFM Gestão de Recursos, Vitor Carvalho.

Na segunda, o presidente eleito Jair Bolsonaro afirmou ver com “desconfiança” a ideia de Paulo Guedes, seu futuro superministro da Economia, de substituir o modelo atual por um que pressuponha uma poupança individual do trabalhador, que é a base do programa defendido pelo economista.

“A indefinição principalmente sobre a reforma da Previdência traz cautela porque Bolsonaro gostaria de votar ainda este ano, enquanto participantes da sua equipe acham difícil a aprovação da forma como quer o presidente ainda em 2018. Está dissonância traz intranquilidade aos mercados”, comentou Jefferson Rugik, diretor da Correparti.

Às 10h41, o Ibovespa recuava 1,26% aos 88.467 pontos. Na mínima, foi aos 88.066 pontos (-1,71%). As ações da Petrobras eram as mais negociadas e estavam entre as maiores baixas da carteira Ibovespa (-2,77% ON).

A Petrobras reportou lucro líquido de R$ 6,644 bilhões no terceiro trimestre deste ano, alta de 2.397% ante o lucro de R$ 266 milhões no mesmo período de 2017, mas baixa de 34% ante o ganho de R$ 10,072 bilhões nos três meses imediatamente anteriores, conforme os números atribuíveis aos acionistas.

O lucro veio 37,26% abaixo das expectativas de analistas. As projeções indicavam lucro líquido de R$ 10,590 bilhões, conforme a expectativa de analistas de cinco casas consultadas pelo Prévias Broadcast (Santander, Morgan Stanley, Guide, XP e Itaú BBA).

Do exterior, a influência é negativa. As perdas nas bolsas na Europa, nos futuros de Nova York, nos futuros do petróleo e nas moedas de economias emergentes colaboram para a abertura do Ibovespa em queda. As eleições de meio de mandato nos Estados Unidos colocam os mercados globais na defensiva no período da manhã.