Depois de uma manhã de instabilidade, em que alternou pequenas altas e baixas, o Ibovespa perdeu força ao longo da tarde e trabalhou em terreno negativo na segunda etapa de negócios desta sexta-feira. Com renovação sucessiva de mínimas na reta final do pregão, o índice fechou aos 103.501,18 pontos, em queda de 0,83%. Apesar do tombo desta sexta-feira, o Ibovespa encerrou a semana em alta de 0,55% e já acumula ganhos de 2,34% em setembro, em meio à diminuição dos temores de desaceleração mais forte da economia global, após sinais de trégua na guerra comercial sino-americana.

Operadores atribuíram a fraqueza do índice no fim do dia a um movimento típico de realização de lucros e à cautela diante da expectativa por uma agenda carregada na próxima semana, que se inicia com vencimento de opções de ações na segunda-feira, 16. A liquidez foi reduzida – R$ 14,6 bilhões -, o que pode ter potencializado os efeitos das vendas, sobretudo de ações da Petrobras, que fecharam perto das mínimas.

Segundo o gerente da mesa de renda variável da H. Commcor, Ariovaldo Ferreira, com a ausência de gatilhos para novas rodadas de alta, investidores preferiram não arriscar. “Parece que houve um movimento claro de zeragem de posições. O dólar deu uma piorada e o Ibovespa parece que sentiu. Tem também gente já se preparando para o vencimento de opões na segunda-feira”, diz Ferreira, ressaltando que, a despeito da melhora no ambiente externo e do bom andamento das reformas no Congresso, não há sinais de uma retomada mais forte do crescimento doméstico.

Um experiente operador de renda variável observa que, embora a expectativa de redução dos juros aqui e nos Estados Unidos já esteja em boa parte incorporada aos preços, não se pode descartar a possibilidade de movimentos mais abruptos nos dias anteriores a eventos relevantes. Além disso, há sempre a preocupação de que o presidente americano, Donald Trump, retome os ataques a China, com a disparada de tuítes durante o fim de semana.

Depois de o Banco Central Europeu (BCE) anunciar na quinta corte da taxa de depósitos e um pacote de compra de ativos, cresceu a expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) decida, na quarta-feira (18), por mais uma redução dos Fed funds, com apostas majoritárias em corte de 0,25 ponto porcentual. Por aqui, o mercado é quase unânime na visão de que o Copom, que anuncia sua decisão também no dia 18, reduza a taxa Selic mais uma vez em 0,50 ponto porcentual, para 5,50% ao ano.

A perda de fôlego do índice veio na esteira de uma queda mais forte das ações da Petrobras no fim do dia, em meio a perdas do petróleo e a ajustes técnicos para o vencimento de opções. A ação PN da petroleira recuou 0,67% e a ON, 0,57%. Também pesaram sobre o índice a queda forte do setor elétrico, com perdas superiores a 3% das ações da Eletrobras, e de varejistas. O Índice de Consumo (Icon) fechou com retração de 1,14%. No lado positivo, a ação da Vale terminou em leve alta, em meio a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a retomada das operações da usina de níquel Onça Puma, com sede em Ourilândia do Norte (PA). No bloco financeiro, a ação PN do Bradesco caiu 1,30%, ao passo que a PN do Itaú subiu 1,36%.