Uma das provas mais importantes desta olimpíada não será disputada nos campos, nos ginásios, nas pistas ou nas águas. Ela será decidida nos bits que carregam as mensagens eletrônicas de um micro para outro. Nos 17 dias de jogos que serão sediados na Austrália, a IBM terá de provar ao mundo que é capaz de gerenciar com eficiência toda a informação do evento e, assim, passar uma borracha na confusão gerada em 1996, quando os computadores de Atlanta, nos Estados Unidos, se transformaram em uma usina de informações erradas e de embaraços para a IBM. E o desafio desta vez será maior ainda. Com a popularização da Internet, os números que ela terá de transpor serão muito superiores aos de quatro anos atrás. O site oficial (www.olympics.com) vai penar para atender 1 bilhão de visitas. ?Temos a expectativa de que esse será o maior site de evento esportivo já produzido?, disse à DINHEIRO Debra Gottheimer, vice-presidente do setor de comunicações da IBM, de Sydney. Há quarenta anos, a empresa se presta a dar suporte tecnológico ao comitê organizador dos jogos. Nos últimos eventos, também tem se encarregado de divulgar os resultados das competições em tempo real para agências de notícias, jornalistas e fãs. Este ano a empresa vai:

 

? gerenciar 7 mil computadores que estarão coletando e processando dados de 300 competições diferentes em 39 localidades;

? prover informações sobre recordes quebrados e outras mais detalhadas, como a altura e o peso dos 10 mil competidores;

? administrar com eficiência o serviço lançado em julho e batizado de FanMail, em que internautas poderão mandar mensagens de incentivo ou de consolo para os atletas representantes;

? oferecer ao público dois suntuosos galpões cibernéticos. Um na Vila Olímpica, para os atletas responderem aos e-mails dos fãs e surfarem na rede, e outro sobre as águas do porto Darling, com 50 computadores plugados na Internet.

Em 1996, o serviço de divulgação de resultados em Atlanta, EUA, foi um fiasco. O sistema pifou já nos primeiros dias das competições. As estatísticas eram mandadas com falhas e os placares chegavam com atraso e com números trocados. Segundo a IBM, tudo começou por causa de mal-entendidos durante a confecção do sistema que deixaram erros no código do programa que mandava os resultados. Além do mais, os dados eram digitados por tropas de voluntários sem qualquer experiência no ofício.

Os tropeços macularam a imagem da empresa. Sydney será, portanto, uma questão de honra. Para garantir que nada atrapalhe o espetáculo, o sistema que será utilizado na Austrália foi testado 38 vezes. Dois anos atrás, a IBM fez sucessivas simulações com 1.200 voluntários para se precaver contra eventuais defeitos nas Olimpíadas de Inverno. Quando a coisa foi para valer, deu tudo certo. ?A tecnologia que estaremos utilizando nos jogos de Sydney está muito à frente das que foram oferecidas em qualquer outra olimpíada?, afirma Debra, da IBM. É muito trabalho pela frente. Tanto que a empresa ameaça desistir da empreitada. Ela já anunciou que esta poderá ser a última vez em que irá prover tecnologia para os jogos. Segundo executivos, o retorno em termos de marketing é pequeno se comparado ao investimento, valor que a empresa prefere não divulgar.