Desde o início dos anos 2000, o Pará foi o Estado que registrou a maior redução absoluta da área de vegetação florestal (116 mil quilômetros quadrados ou 11,5% de seu território), segundo a mais recente edição do Monitoramento da Cobertura e Uso da Terra no Brasil, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado nesta quarta-feira (17). Segundo o levantamento, o Pará também foi o Estado que registrou o maior incremento absoluto de área de pastagem com manejo, 83,4 mil quilômetros quadrados. Em 2018, nada menos que 14% dessas áreas estavam no Pará.

Entre 2000 e 2018, de acordo com o IBGE, observou-se em Mato Grosso, a redução de 17% (71.253 quilômetros quadrados) da área de vegetação florestal, além de 9,7% (22.653 quilômetros quadrados) de área de vegetação campestre – as segundas maiores reduções registradas entre os Estados. No mesmo período, Mato Grosso apresentou também o incremento de área de pastagem com manejo (45.449 quilômetros quadrados).

Em terceiro lugar aparece Rondônia, com uma redução de 22,7% (37.901 quilômetros quadrados) de área de vegetação florestal e o incremento de área de pastagem com manejo da ordem de 33.259 quilômetros quadrados.

“Nos Estados da região Norte observa-se a interiorização da ocupação do território e o forte crescimento de áreas de pastagem com manejo sobre áreas de vegetação florestal. Em alguns Estados nota-se também a marcante expansão de áreas destinadas ao cultivo agrícola”, avaliam os pesquisadores do IBGE no trabalho.

“A região Centro-Oeste foi caracterizada primeiramente pela expansão de áreas de pastagem com manejo sobre áreas de vegetação florestal e vegetação campestre. Em um segundo momento, a partir de 2012, o avanço das áreas agrícolas e da silvicultura sobre as pastagens, tornando-se um dos processos de transformação do território mais representativo da região.”

A cada dois anos, o IBGE divulga o monitoramento da cobertura e uso da terra, permitindo a comparação entre os anos analisados e as formas de ocupação do País. Os números analisados remontam ao ano 2000 e vão até 2018. Este ano, no entanto, pela primeira vez, o IBGE está fazendo a análise individual de cada uma das 27 Unidades da Federação e não somente do Brasil de uma forma geral. O objetivo é orientar políticas públicas e gestão.

O levantamento mostra que a dinâmica na região Nordeste, por sua vez, é marcada pela expansão de áreas chamadas de mosaicos campestres, caracterizadas por um elevado número de estabelecimentos rurais de pequeno porte com múltiplos usos. Uma das principais fronteiras agrícolas do Brasil fica na borda oeste da região Nordeste, onde áreas de vegetação campestre vêm sendo substituídas por áreas agrícolas. Bahia, Piau e Maranhão responderam por 91,7% do aumento das áreas agrícolas no Nordeste entre 2000 e 2018.

Os Estados da região Sudeste apresentam uma dinâmica mais variada, com áreas de antropização, ou seja, ação do ser humano sobre o meio ambiente, das vegetações naturais e também conversões entre as áreas já ocupadas. Em São Paulo, por exemplo, entre 2000 e 2018, houve predominância de transições entre os usos antrópicos – especialmente do avanço dos cultivos agrícolas sobre áreas previamente ocupadas por mosaicos florestais e por pastagem com manejo. No mesmo período, o Estado contabilizou um aumento de sua área agrícola da ordem de 28,1% (22.290 quilômetros quadrados). Em 2018, São Paulo apresentava 15,2% da área agrícola do País e 11,9% da área de silvicultura.

A dinâmica de ocupação do território da região Sul é similar à do Sudeste, marcada pelo avanço de áreas agrícolas e de silvicultura sobre outras classes de uso da terra. Em Santa Catarina e no Paraná esse avanço ocorreu principalmente sobre áreas anteriormente ocupadas por mosaicos florestais e, no Rio Grande do Sul, sobre a vegetação campestre.