A nova Pnad-Covid, versão inédita da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-C) com foco na pandemia de covid-19, também levantará informações sobre o mercado de trabalho. O levantamento é resultado de parceria entre o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Ministério da Saúde, anunciado mais cedo.

Segundo o diretor-adjunto de Pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo, a coleta da Pnad-C tradicional, com dados divulgados mensalmente com base em trimestres móveis, está mantida até o próximo dia 13. No entanto, a pesquisa referente ao primeiro trimestre, inicialmente prevista para ser divulgada em 30 de abril, poderá não ser informada.

A avaliação do diretor-adjunto do IBGE é que o modelo atual da Pnad-C poderia não dar conta de captar os efeitos da pandemia do novo coronavírus sobre o mercado de trabalho.

Azeredo lembrou que o questionário tradicional não tem perguntas sobre teletrabalho e só levanta informações sobre a renda total, incluindo os rendimentos de transferência de renda e benefícios sociais, uma vez por ano. Além disso, a informação trimestral captaria apenas em parte os efeitos da pandemia, já que traria também dados sobre janeiro e fevereiro.

“Hoje, a Pnad Contínua não está preparada para informações ágeis”, afirmou Azeredo.

Segundo o diretor-adjunto, é fundamental identificar quais os efeitos que a pandemia está trazendo para o mercado de trabalho, com a provável destruição de postos de trabalho informal. Também é preciso saber se quem ficou em casa está recebendo a mesma remuneração de antes. As informações sobre os trabalhadores informais, foco do novo benefício temporário de R$ 600 por mês criado pelo governo federal, são importantes para ajudar a “administrar a transferência de renda”, disse Azeredo.

O novo questionário da Pnad-Covid foi construído de “ontem para hoje”, informou o diretor-adjunto do IBGE, numa “operação de guerra” envolvendo diversos pesquisadores. O questionário terá em torno de 20 perguntas – os questionamentos sobre o mercado de trabalho virão depois das primeiras perguntas sobre a covid-19. Técnicos da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do Ministério da Saúde estão sendo consultados. Azeredo lembrou que acompanhar os efeitos da pandemia no mercado de trabalho é um desafio em todos os países.

A amostra da nova Pnad-Covid também será construída especialmente para a pesquisa, levando em conta que as entrevistas serão feitas por telefone, com metodologia apropriada. Segundo Azeredo, o IBGE tem a colaboração da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), para montar a amostra populacional já atrelada aos números de telefone.

Os entrevistadores do IBGE farão as entrevistas também de casa, sem contato pessoal, para evitar o contágio da covid-19. Na terça-feira, 31, ao comentar os dados do mercado de trabalho do segundo trimestre, Azeredo havia informado que em torno de 2 mil entrevistadores estavam buscando fazer as entrevistas da Pnad-C tradicional por telefone, mas destacou que a pesquisa for elaborada para ser feita presencialmente.

Segundo o diretor-adjunto do IBGE, os técnicos do instituto trabalham para começar a coleta de dados da nova Pnad-Covid o quanto antes, mas não há um cronograma ainda. Os dados sobre saúde serão divulgados semanalmente, de forma simples. Já os dados sobre mercado de trabalho deverão ter divulgação mensal. Azeredo disse acreditar que é possível ter uma primeira divulgação por volta da data anteriormente prevista para Pnad-C tradicional, em 30 de abril.