Apesar da ligeira queda de 0,1% na produção industrial em janeiro ante dezembro, um conjunto de informações da Pesquisa Industrial Mensal mostra uma melhora no setor, segundo André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ele reconhece que o resultado negativo não é a melhor situação para o setor industrial, mas lembra que a produção acumulou avanço de 2,9% nos dois últimos meses de 2016, a media móvel trimestral cresceu de 0,5% em dezembro para 0,9% em janeiro, e a alta de 1,4% em janeiro ante janeiro de 2016 interrompeu uma sequência de 34 meses de resultados negativos.

“Há uma melhora de ritmo na produção industrial quando se observa o conjunto de informações. Mas não significa que há trajetória de crescimento para a produção industrial”, ponderou Macedo.

O pesquisador reconhece que o arrefecimento na inflação e o ciclo de corte na taxa básica de juros podem ajudar a indústria, mas o mercado de trabalho ainda atrapalha. “Os fatores que inibiram a produção permanecem: o mercado de trabalho menos favorável; nível elevado de pessoas desocupadas; inadimplência; apesar da redução de taxas de juros o crédito ainda é caro, escasso”, disse Macedo.

A taxa acumulada pela indústria em 12 meses manteve em janeiro a trajetória de desaceleração das perdas iniciada em junho de 2016, mas ainda mostra retração elevada: -5,4%, com quedas em todas as categorias de uso. “Os fatores que justificaram três anos de queda na produção industrial ainda permanecem dentro do contexto. Há um conjunto de Informações nos dá uma sensação melhor da produção, ainda que se encontre em patamar muito baixo. O setor industrial tem um campo importante a ser recuperado em função das perdas acumuladas no passado”, completou.

O setor industrial teve crescimento de 1,4% em janeiro ante o mesmo mês do ano anterior, com resultados positivos em 16 dos 26 ramos pesquisados. No entanto, houve ajuda do efeito calendário, uma vez que janeiro de 2017 teve dois dias úteis a mais que janeiro de 2016. Segundo o IBGE, se o benefício de dias úteis a mais fosse neutralizado, a alta na produção da indústria teria sido de 0,4% em relação a janeiro de 2016, em vez do 1,4% registrado. “O avanço precisa ser relativizado porque a gente tem componentes ajudando nesse resultado, seja o número de dias úteis a mais seja a base de comparação depreciada”, apontou.

Quanto à base de comparação fraca, Macedo lembra que a produção industrial tinha recuado 13,4% em janeiro de 2016 ante janeiro de 2015. Entre as atividades que tiveram expansão em janeiro de 2017 ante o mesmo período do ano anterior, as indústrias extrativas exerceram a maior pressão positiva na formação da média da indústria, com elevação de 12,5%, puxada por minérios de ferro, óleos brutos de petróleo e gás natural.

Outras contribuições relevantes foram de veículos automotores, reboques e carrocerias (5,2%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (18,0%), celulose, papel e produtos de papel (6,9%), produtos alimentícios (1,6%), metalurgia (4,2%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (13,3%), produtos têxteis (10,8%), outros produtos químicos (2,2%) e artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (5,0%).

Das dez atividades que apontaram redução na produção, a principal influência negativa foi de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-11,1%), pressionada por óleo diesel. Outros desempenhos significativos foram de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-8,6%), máquinas e equipamentos (-4,9%), produtos de metal (-6,2%) e outros equipamentos de transporte (-9,4%).