A estabilidade nas vendas do comércio varejista na passagem de junho para julho é pontual e já esperada após um avanço por três meses consecutivos, segundo Isabella Nunes, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O varejo registrou crescimento de abril a junho, período em que acumulou uma alta de 2,2%, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Comércio. “É um fator pontual, é um ajuste comum. Numa série, depois de três meses consecutivos com um ganho de 2,2%, você ter uma estabilização é algo completamente esperado”, avaliou Isabella.

Outro indício de que as vendas mantiveram a trajetória de recuperação em julho foi o arrefecimento mais uma vez da taxa acumulada em 12 meses, que negativa em 2,3%.

“O indicador tradicionalmente de tendência, que é o indicador de longo prazo, de 12 meses, ele mostra redução no ritmo de queda em todas as atividades. Então essa é uma evidência dessa recuperação”, apontou a pesquisadora do IBGE. “A redução no ritmo de queda é uma forma de dizer que está recuperando”, completou.

Segundo a coordenadora da pesquisa, a inflação menor tem ajudado o varejo, enquanto as taxas de juros ainda estão muito elevadas às famílias, embora tenham descido a patamares inferiores aos praticados em 2016.

“A Selic desceu a 8,25%, mas não é a taxa que pagamos. Não dá para creditar (a recuperação das vendas) tanto ao juro porque ele ainda está elevado para as famílias”, lembrou ela.

A evolução do varejo nos próximos meses dependerá do comportamento do mercado de trabalho, disse Isabella. “O aumento na ocupação tem sido feito através de postos de trabalho informais, o que para o consumo não é ideal”, ponderou.