A inflação oficial no País no ano passado foi pressionada por fatores pontuais, como o choque de preços das carnes, e não por um aumento na demanda, afirmou Pedro Kislanov, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou de uma taxa de 3,75% em 2018 para 4,31% em 2019.

“O resultado ficou muito próximo do centro da meta (de 4,25% perseguida pelo Banco Central em 2019). A pressão ficou muito concentrada nas carnes”, justificou Kislanov.

Segundo o pesquisador, a retomada da atividade econômica ainda é lenta, ficando mais concentrada nos últimos meses de 2019. Essa melhora na economia e no mercado de trabalho pode vir a afetar a inflação de 2020, mas, por ora, a inflação é de restrição de oferta, concentrada em carnes, não é de demanda, garantiu Kislanov.

“Nos serviços, que tem uma influência de demanda forte, (a aceleração em dezembro) foi um componente sazonal. Nesse mês a pressão foi de alimentação fora de casa, mas tem muito a ver com as carnes, então foi inflação de custo, não de demanda. O mesmo ocorreu com passagem aérea, dezembro é um mês que tem pressão de passagem aérea”, disse o pesquisador do IBGE.

Não é possível afirmar que haja pressão de demanda sobre a inflação, corroborou André Almeida, analista do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE.

“A economia tem se recuperado de maneira gradual. Serviços ficou abaixo do índice geral, então não é possível informar que exista pressão de demanda”, completou Almeida.