Na segunda quinzena de agosto, 280 mil empresas reduziram a quantidade de empregados em relação à quinzena anterior, sendo que 56,8% delas diminuíram em até 25% o quadro de pessoal. Os dados são da Pesquisa Pulso Empresa: Impacto da Covid-19 nas Empresas, que integram as Estatísticas Experimentais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A maioria das empresas em funcionamento, 85% delas, o equivalente a 2,9 milhões de companhias, manteve o número de funcionários na segunda quinzena de agosto em relação à quinzena anterior. Uma fatia de 8,1% indicaram demissões.

Na segunda quinzena de agosto, 54,4% das empresas em funcionamento não tiveram alteração significativa na sua capacidade de fabricar produtos ou atender clientes, mas 31,4% relataram dificuldades, enquanto 13,9% registraram facilidades. Quanto ao acesso aos fornecedores, 44,1% não perceberam alteração significativa, mas 46,8% tiveram dificuldades.

Cerca de 40,3% das empresas em funcionamento reportaram dificuldades em realizar pagamentos de rotina na segunda quinzena de agosto, enquanto 53% consideraram que não houve dificuldade. Entre as ações adotadas para atenuar os efeitos da pandemia do novo coronavírus nos negócios, 93,1% das empresas em funcionamento declararam ter implementado ações de prevenção e manutenção de medidas extras de higiene.

Entre as empresas em funcionamento, 25,7% mantiveram funcionários em trabalho domiciliar (teletrabalho, trabalho remoto e trabalho à distância), e 20,1% anteciparam férias dos empregados.

Uma fatia de 28,6% das empresas declarou ter alterado o método de entrega de seus produtos ou serviços, enquanto 12,1% lançaram ou passaram a comercializar novos produtos ou serviços na segunda quinzena de agosto.

Entre as companhias em atividade, 23,8% adiaram o pagamento de impostos e 11% conseguiram uma linha de crédito emergencial para o pagamento da folha salarial.

Na segunda quinzena de agosto, 21,4% das empresas afirmaram que foram apoiadas pela autoridade governamental na adoção de medidas emergenciais contra a pandemia.

Essa percepção de apoio dos governos foi mais elevada entre as empresas que adiaram o pagamento de impostos (47,9% delas) e entre as que conseguiram linhas de crédito para o pagamento da folha salarial (61,6%).

Fim da pesquisa

O IBGE encerrou nesta quinta-feira a divulgação da Pesquisa Pulso Empresa: Impacto da covid-19 nas Empresas, que integrava as Estatísticas Experimentais do órgão. A decisão foi anunciada pelo diretor de Pesquisas do instituto, Eduardo Rios-Neto.

“Foi um empreendimento totalmente bem-sucedido nesse sentido, cumpriu sua missão”, afirmou o diretor do órgão. “O instrumento foi bem-sucedido e veio para ficar, se houver alguma demanda. Ou se houver necessidade de retomar, ela (a pesquisa) tem possibilidade de fazer”, acrescentou.

No entanto, não há planos no IBGE de prorrogar o retomar a pesquisa. Segundo Flávio Magheli, coordenador de Pesquisas Conjunturais em Empresas do órgão, o planejamento inicial era fazer apenas seis rodadas, durante seis quinzenas, para obter a fotografia do período com foco no acompanhamento de um conjunto de empresas, especialmente as pequenas, que “o IBGE não costuma investigar nas suas pesquisas mensais”, disse.

“Foi planejada, executada, atingiu seu objetivo, e a decisão foi encerrar. A gente teria que pensar em quais projetos teriam que parar para continuar (com a pesquisa pulso)”, disse Magheli.

O coordenador do IBGE ressaltou ainda que a realização da pesquisa pulso demandou alocação de esforços e recursos para um período excepcional, e argumentou que havia a percepção entre as próprias empresas de que o cenário não vinha se alterando significativamente nas últimas quinzenas.