A costa brasileira tem de 8,5 mil quilômetros navegáveis, mas observá-la a bordo de um iate é privilégio para poucos. Nessa lista restrita estão o empresário Roberto Justos e o jogador Neymar, ambos proprietários de embarcações da italiana Azimut-Benetti. Mas foram esses poucos endinheirados nativos que motivaram a empresa a montar um estaleiro em Itajaí, Santa Catarina, para construir suas embarcações de luxo. O ano era 2010 e a Azimut não imaginava que, dois anos depois, o país entraria numa tempestade político-econômica perfeita. O cenário desanimador, no entanto, criou as condições ideais para a Azimut hasteasse suas velas em embarcações maiores e ainda mais luxuosas. “Começamos a aumentar o tamanho das embarcações porque percebemos que, mesmo com a recessão, a demanda de importação por este tipo de navegação continuava alta”, diz Davide Breviglieri, CEO da Azimut no Brasil. “O público que compra esse produto não sente os efeitos da crise.”

Gigante brasileiro: o Grande 30 Metri, como diz o nome, tem 30 metros de comprimento, pesa 100 toneladas e tem uma área útil de 350 m2 distribuídos em três pavimentos. O valor é de R$ 45 milhões

No ano passado, depois de dois anos de trabalho, a empresa lançou o Grande 30 Metri, o iate mais luxuoso já construído no país. A embarcação de 30 metros de comprimento e área total de 350 metros quadrados, chegou ao mercado por R$ 45 milhões. Para nível de comparação, os barcos menores da empresa custam cerca de R$ 2,5 milhões. O Iate possui três pavimentos onde estão dispostos cinco suítes, sala de estar, sala de jantar, cozinha, espaço de relaxamento e jacuzzi. A arquitetura e decoração do Iate, assinadas pelo italiano Achille Salvagni, utiliza acabamentos nobres como mogno veneziano, couro italiano, seda, mármore e vidro. O cliente também pode escolher uma decoração mais personalizada – o que eleva ainda mais o preço. Entre as opções estão Giorgio Armani e Loro Piana. Uma unidade foi vendida para um brasileiro (nome não divulgado) e duas estão em fase de produção. Desde o lançamento do 30 Metri, a Azimut Brasil registrou um aumento de mais de 30% no pedido para novas embarcações. “A construção desse iate é um marco”, diz Davide. “Com ele, conseguimos nos posicionar como um estaleiro de alto nível como qualquer outro da Itália.”

No último ano náutico, fechado em setembro de 2018, 50% da produção da Azimut no Brasil foi direcionada ao exterior. Além dos Estados Unidos – primeiro mercado global de vendas -, o estaleiro registrou vendas para os Emirados Árabes, Europa e também aumento nas encomendas do Paraguai e Colômbia. Mas se o 30 Metri já mexeu com o mercado náutico, os novos lançamentos – planejados par até 2022 – deve ouriçar ainda mais os multimilionários. Davide garante surpresas ultra luxuosas já para 2019, ano em que a Azimut completa 50 anos com um faturamento global de 710 milhões de euros (R$ 3 bilhões). A operação no Brasil, que já fabricou mais de 300 iates em nove anos, registrou um faturamento de R$ 200 milhões em 2018 com a venda de 43 embarcações. A expectativa é que o estaleiro continue crescendo a uma taxa de 10% ao ano.

Davide Breviglieri: o executivo da Azimut Brasil quer investir em embarcações ainda maiores

Para manter esse ritmo é preciso, no entanto, convencer os multimilionários a incluir um veículo de lazer na sua lista de máquinas, que certamente já incluem helicópteros e jatinhos. Até porque os custos com esse tipo de transporte pode ser superior a R$ 45 mil por mês. O segredo para aumentar o consumo é estimular a cobiça, coisa que a Azimut tem feito muito bem na produção recente. Além do 30 Metri, a fabricante lançou, no ano passado, o Azimut 62, embarcação com 19 metros de comprimento e área de 150 metros quadrados. O iate de R$ 9 milhões teve 15 encomendas nacionais e internacionais.