A Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) reforçou o pedido às autoridades globais para postergar a isenção (waiver) da regra dos slots (autorização de pouso e decolagem nos aeroportos) para se evitar maiores riscos à conectividade global via modal aéreo. O desafio mais próximo no horizonte, segundo Sebastian Mikosz, vice-presidente sênior para membros e relações externas da Iata, e Lara Maughan, chefe global de slots da associação, está na temporada de verão do hemisfério norte, que começa no dia 28 de março de 2021. “Há um prazo para se trabalhar os slots. A falta de certezas agora (sobre a demanda) torna o cenário complexo para as aéreas planejarem seus slots para o verão”, disse Maughan.

O maior desafio hoje é conseguir mais prazo junto às autoridades da União Europeia. Pela regra, as aéreas precisam manter um uso de 80% dos seus slots para conseguir os horários na próxima temporada. A Comissão Europeia, no mês passado, autorizou a suspensão da regra durante a temporada de inverno no hemisfério, que vai até o dia 27 de março de 2021. Pela regra, uma empresa aérea teria de operar uma aeronave mesmo que vazia para não perder o direito sobre o horário. O cenário obrigaria as companhias a queimar caixa em um momento de muita fragilidade.

No Brasil, a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) prorrogou a medida (waiver) que abona o cancelamento de slots para a temporada Inverno 2020 (W20), compreendida entre 25/10/2020 e 27/03/2021.

Os membros da Iata lembravam que em 2020 o número de ligações entre as cidades no mundo via modal aéreo (unique city-pair, no jargão do setor) deve apresentar queda de 33% na comparação com 2019, para 14.765. É a primeira queda desde a crise financeira global.

“Perdemos uma conectividade que demorou anos para ser construída”, disse Mikosz. “Nossa posição é que quanto mais conectividade, melhor para o passageiro, porque ele tem possibilidade de escolher o seu destino e isso é fundamental para a retomada da demanda”, disse. Mikosz destacou ainda que, depois do preço do bilhete, a conectividade das aéreas é o principal fator de competitividade entre as companhias.

Os dois participaram de painel na 76ª Assembleia Geral Anual (AGM), na manhã desta segunda-feira. A programação toda deveria ter ocorrido na metade deste ano em Amsterdã, mas foi postergada para novembro. A pandemia, entretanto, impossibilitou a realização presencial do evento, que foi transferido para uma versão online pela primeira vez. A agenda de reuniões começa hoje e vai até o dia 25.