O presidente executivo do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Polo de Mello Lopes, disse que o Brasil está sendo fortemente pressionado pelos Estados Unidos para mudar o atual sistema de cotas das exportações brasileiras de aço. Em entrevista para divulgar os dados do primeiro semestre deste ano, Lopes afirmou que as discussões estão ocorrendo com a USTR, organismo responsável pelo comércio americano.

“Estamos recebendo uma pressão bastante grande por parte dos EUA para alterar as regras da seção 232. Há uma ameaça de mudança no sistema de cotas para as exportações brasileiras de aço. Se não houver flexibilização por parte das nossas exportações para os Estados Unidos, provavelmente eles virão com uma redução de cota ou uma imposição de tarifas”, disse.

A briga comercial entre Brasil e Estados Unidos começou no ano passado quando o presidente Donald Trump disse que iria impor tarifas ao aço e ao alumínio brasileiros para tentar proteger os produtores locais.

Altos-fornos

Na coletiva, o Instituto Aço Brasil (IABR) informou que do total de 32 altos-fornos existentes no Brasil, 10 continuam paralisados e que a ociosidade do setor continua extremamente elevada. Lopes explicou que o setor começou o ano com 62% da capacidade, atingiu 42% em abril e hoje está com apenas 48,5%.

“O problema é que a ociosidade elevada implica em desemprego. Segundo o Caged, de março a maio de 2020, o segmento da indústria de transformação teve 315.940 demissões. Por isso, precisamos exportar e precisamos de medidas para melhorar a competitividade”, afirmou.

Segundo ele, China e Coreia detêm mais da metade do excesso da capacidade do mundo e são os dois países que têm o maior número de processos de defesa comercial movidos contra eles.

“O mundo está de cabeça para baixo e cada país procura preservar o seu mercado”, comentou.