Um cachorro na França testou positivo para varíola dos macacos e é o primeiro caso suspeito de transmissão de humano para animal de estimação, alerta um estudo publicado pela revista científica The Lancet.

O cachorro, um galgo italiano de 4 anos, foi infectado depois de conviver com seus donos, dois homens que foram diagnosticados com a doença. Apesar de não apresentar nenhum distúrbio médico antes, lesões e pústulas começaram a aparecer no abdômen do animal 12 dias depois que os sintomas surgiram.

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Antes, o cachorro nunca apresentou distúrbios médicos, mas 12 dias após o início dos sintomas em seus donos, surgiram lesões e pústulas no abdômen do animal. Apesar de o casal afirmar que manteve o cachorro longe de outras pessoas e animais, eles admitiram que dividiam a cama com o cão na hora de dormir.

No estudo, o teste de DNA mostrou a linhagem de varíola entre um dos homens e o cachorro. “As descobertas devem estimular o debate sobre a necessidade de isolar animais de estimação de indivíduos positivos para o vírus da varíola dos macacos”, escreveram os pesquisadores.

Após o estudo, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos atualizaram suas orientações para animais de estimação.  Agora, a recomendação é que qualquer animal de estimação que teve contato próximo com uma pessoa sintomática da varíola dos macacos deve ser mantido em casa, longe de outras pessoas e animais por 21 dias.

“Pessoas infectadas não devem cuidar de animais de estimação expostos”, recomendam os CDC. “A pessoa com varíola deve evitar contato próximo com o animal exposto e, quando possível, pedir a outro membro da família que cuide do animal até que a pessoa que foi infectada pela varíola dos macacos esteja totalmente recuperada”.

Apesar de o caso acender um alerta, que pode resultar em novas orientações sobre como agir em caso positivo para varíola dos macacos, ainda não está claro se o cão pode transmitir a infecção a outras pessoas ou animais.

Meu cachorro pode ter varíola dos macacos?

Embora o estudo da The Lancet mostre que é possível que animais de estimação peguem varíola dos macacos, especialistas em saúde dizem que é raro.

“O risco é extremamente baixo”, afirmou Lori Teller, presidente da American Veterinary Medical Association, em entrevista ao USA Today. “A maneira como nossos animais de estimação provavelmente pegariam o vírus é através de contato extremamente próximo.”

Ela lembra que, por enquanto, não há relatos de casos em gatos, porquinhos-da-índia ou hamsters. No entanto, a pesquisa mostra que coelhos e camundongos podem contrair o vírus. Além disso, em 2003, um surto de varíola dos macacos nos EUA também havia apontado que cães podem contrair o vírus, segundo o CDC.

Segundo o CDC, os possíveis sinais de doença em animais de estimação incluem fadiga, falta de apetite, tosse, secreções nasais ou crostas, inchaço e febre. Mas Teller alerta que esses sintomas são comuns em muitas doenças respiratórias ou infecções virais, por isso é importante investigar.

No momento, a orientação do CDC é que, se uma erupção cutânea ou dois outros sintomas clínicos aparecerem em um animal de estimação dentro de 21 dias após a exposição do animal a pessoas infectadas, é necessário procurar um veterinário.

O que fazer se meu animal de estimação tiver varíola dos macacos?

Se a doença for confirmada, a orientação é separá-lo de outros animais e minimizar o contato direto com pessoas por pelo menos 21 dias, quando os sintomas devem desaparecer.

Para cuidar do animal, o ideal é sempre lavar as mãos e usar equipamentos de proteção individual, como luvas, óculos, máscara, avental descartável ou roupas que cubram toda a pele, segundo o CDC. Os materiais devem ser descartados e as roupas contaminadas devem ser lavadas.

Apesar de evitar o contato físico direto com o pet, Teller orienta levar os animais de estimação para passear ao ar livre para se exercitar, mas sem deixar ele ter contato com outras pessoas ou animais.