O atual cenário da Huawei parece estar complicado com as restrições impostas pelo governo dos Estados Unidos. Segundo o presidente-executivo interino da companhia chinesa, Guo Ping, no momento, a empresa de atuação global tem a meta de sobrevivência, segundo a CNN Business.

Ping explicou que a contínua agressão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que acusa a chinesa de espionagem e aplicou barreiras comerciais até para os fornecedores norte-americanos da Huawei, tem causado uma pressão significativa na operação da empresa.

A Huawei atua por três principais frentes: produção de computadores, de smartphones e de equipamentos de infraestrutura de rede 5G. E são justamente os segmentos que as restrições dos EUA mais atingem.

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No caso dos bloqueios dos fornecedores de peças e semicondutores para celulares, o impacto na Huawei deve ser de 70 milhões de smartphones. Em 2019, a companhia atingiu 240,5 milhões de unidades vendidas, de acordo com o site CanalTech.

No entanto, a mais recente projeção da consultoria de mercado TrendForce aponta para 170 milhões de smartphones comercializados em 2020. Isso com base na restrição de Trump de 17 de agosto, que bloqueou a venda de componentes de fornecedores norte-americanos para a Huawei.

A consultoria projetava, com base na primeira restrição imposta por Trump, em maio, venda de 190 milhões e celulares. Mudança de estimativa que reforça a tese do presidente-executivo interino da companhia chinesa, de que os ataques dos EUA estão realmente balançando os resultados.

Para se ter noção da participação de mercado da Huawei no segmento de smartphones, segundo dados da consultoria de TI Canalys, a Huawei encerrou o primeiro semestre como a maior fabricante de smartphones do mundo, mesmo com os impactos da pandemia da covid-19.

Além das restrições, a concorrência está aproveitando o espaço que está surgindo para crescer. Segundo a TrendForce, de agosto para setembro, a projeção de vendas de smartphones da chinesa Xiaomi passou de 130 milhões de aparelhos para 145 milhões.

No caso da OPPO, passou de 130 milhões para 140 milhões. A Vivo, fabricante chinesa de celulares, deve atingir 110 milhões de unidades comercializadas, contra 106 milhões da estimativa anterior.

Segundo o CanalTech, 2021 será ainda pior para a Huawei, com vendas de 59 milhões de smartphones, segundo análise da Strategy Analytics.

O cenário futuro só mudará caso os fabricantes de componentes consigam liberação do governo dos EUA para voltarem a vender para a chinesa. Algumas companhias já estão em fase final de tratativas para este processo, segundo a CNN Business.

Rede 5G

Quando o assunto são os equipamentos de telecomunicações da Huawei, o problema é a administração Trump estimulando países a banir tudo que seja da chinesa de suas redes de telecomunicações 5G.

No começo, vários países resistiram, no entanto isso mudou após as restrições dos EUA em maio, impedindo as empresas de fabricar chips projetados pela HiSilicon, afiliada da Huawei.

Um exemplo foi o Reino Unido ter proibido a Huawei de sua rede 5G, em julho, citando a incerteza em torno da cadeia de suprimentos da Huawei.

De acordo com a CNN Business, Paul Triolo, chefe de geotecnologia do Eurasia Group,  destacou no mês passado que a Huawei enfrenta a probabilidade de “um corte quase total de semicondutores”.

Segundo Triolo, este impacto seria o mais letal para a empresa mais importante da China de tecnologia global.