Na terça-feira 21, Meg Whitman, uma das executivas de maior relevância nos Estados Unidos, anunciou que vai deixar o posto de CEO da Hewlett-Packard Enterprise (HPE), divisão da americana HP focada no mercado corporativo. Ela entrega a função, em fevereiro, ao veterano Antonio Neri, há mais de 20 anos na companhia e atual presidente da HPE . Whitman permanecerá no conselho da empresa. Segunda executiva mulher mais bem paga da America, atrás apenas de Ginny Rometty, da IBM, Whitman assumiu o posto em 2011, em um momento conturbado para a companhia.

Em 2015, ela conduziu a separação da HP em duas empresas, a HPE, de servidores, e a HP Inc, que fabrica computadores e impressoras, voltadas para o consumidor final. A executiva, que já foi CEO do EBay, reforçou o foco nos retornos aos acionistas e cortou mais de 80 mil empregos. O anúncio, no entanto, não causou tanta surpresa ao mercado, já que Whitman era uma das cotadas para assumir o Uber, meses atrás, alimentando rumores sobre sua saída da companhia. Além disso, os resultados estavam abaixo do esperado: a receita foi de US$ 28,8 bilhões no ano fiscal de 2017, uma queda de quase 5% em relação ao ano anterior.

Mudanças no comportamento dos grandes compradores de tecnologia, marcadas pela computação em nuvem, vêm tornando difícil para a HPE competir com empresas mais novas e mais ágeis. Segundo Ivair Rodrigues, diretor da IT Data, as grandes fabricantes de computadores, seja para uso doméstico ou corporativo, não estão conseguindo manter o mesmo nível de faturamento. “Com clientes corporativos indo cada vez mais para a nuvem e usuários finais comprando menos computadores devido à explosão dos smartphones, o fato é que a área de TI não vai ganhar tanto dinheiro quanto no passado”, diz Rodrigues.

Por esse motivo, os investimentos em inovação são tidos como a única maneira de empresas como a HP continuarem relevantes. A preocupação é que o mercado considere que a saída de Whitman cause uma ruptura nos esforços de inovação da companhia. No dia seguinte à notícia, as ações da HPE caíram mais de 6 %. Os ânimos internos, por outro lado, apontam para uma relativa calmaria. Ricardo Brognoli, presidente da HP no Brasil, acredita na continuidade, já que Neri é um executivo veterano.

“Não haverá interrupções”, afirma. “Neri tem condições totais para assumir e é um consenso que esse é um movimento natural dentro da empresa.” Quando anunciou sua saída, a própria Whitman ressaltou essa questão, dizendo que “o próximo CEO da HPE precisa ser um conhecedor profundo de tecnologia, e isso é exatamente o que Antonio é.” É com base nessa questão sensível que se espera que Neri, com experiência em engenharia e no desenvolvimento de novos produtos, coloque a companhia em outro patamar. O executivo já havia sido promovido em junho para o cargo de presidente da HPE, fomentando as especulações sobre a sucessão dentro da companhia.