Um hospital em Roma se prepara para lançar uma campanha de testes sorológicos, cujo objetivo é determinar o número de pessoas que entraram em contato com o coronavírus desde o surto na Itália e mapear sua propagação.

Nos próximos dias, serão realizados cerca de 150.000 exames de sangue na região do Lácio, cuja capital é Roma, entre as menos afetadas pelo coronavírus na Itália, país que registrou quase 30.000 mortes.

Os testes serão realizados principalmente em pessoas consideradas de alto risco, como médicos, paramédicos e policiais. Algumas regiões do norte, incluindo a Lombardia, a mais atingida, começaram há vários dias a realizar testes sorológicos maciços com o mesmo objetivo, ou seja, identificar quem contraiu o coronavírus, mesmo de forma assintomática.

No hospital Tor Vergata, um dos cinco maiores da capital, que criou um setor especial para pacientes com Covid-19, a campanha começou no início de maio. Os primeiros resultados estarão prontos no meio do mês e, em vez de detectar o vírus, o teste sorológico determinará se a pessoa teve uma resposta imune contra o patógeno.

“Realizando 150.000 testes sorológicos, conforme planejado, poderemos calcular com mais precisão o número de pessoas que foram infectadas”, disse à AFP Sergio Bernardini, professor de bioquímica da Tor Vergata.

“Na verdade, o número de infectados é muito maior, provavelmente entre oito e dez vezes mais, comparado aos números com os quais lidamos atualmente”, avalia.

A técnica utilizada pelo laboratório é a imunocromatografia. São testes rápidos que, por meio de uma gota de sangue, detectam em poucos minutos se a pessoa desenvolveu anticorpos contra a COVID-19.

A vantagem desses testes é que eles podem ser realizados em casa pelo próprio paciente ou em consultórios médicos sem mobilizar muita equipe, explicou Bernardini.

Os testes sorológicos não podem substituir os testes virológicos, baseados em amostras nasofaríngeas, que são os únicos que podem determinar a transmissão ou cura do indivíduo.

“Ser positivo no teste sorológico rápido não significa que a pessoa está protegida. Não é uma licença para retornar à vida cotidiana normal”, disse o professor Bernardini.

Esses testes, quando positivos, geralmente detectam anticorpos para infecções passadas ou recentes e não são recomendados para diagnosticar um paciente que precisa de cuidados.

“Devemos continuar tomando medidas de proteção, especialmente usando máscaras, algo importante, mesmo que saibamos que temos anticorpos”, insiste o especialista.

Para Tiziana Frittelli, diretora geral do hospital Tor Vergata, existe o risco de um novo surto na Itália.

“Se não tomarmos cuidado, o número de doentes poderá aumentar novamente”, alerta. “Peço a todos que respeitem as precauções, porque o contágio pode recomeçar se os comportamentos esperados não forem respeitados”.

Especialistas explicaram que não se sabe se uma pessoa que desenvolveu anticorpos pode ser contagiada novamente e que o grau de imunidade ao coronavírus também é desconhecido, pois existe o risco de que aqueles considerados “imunes” possam se infectar novamente e transmitir o víruas para outras pessoas.