Passada a temporada de balbúrdia, negociatas e escracho no Congresso, está na hora de o País cuidar do que realmente interessa. E, a menos que os parlamentares não tenham mesmo qualquer pingo de responsabilidade, a agenda que se apresenta a eles, de reformas e ajustes na economia, precisa entrar na ordem do dia como prioridade absoluta. Sem revanchismos partidários ou resistências em troca de mais favores. O Brasil, para seguir nos trilhos, precisa contar com a benevolência desses senhores. Eles também, reféns das urnas em 2018, vão precisar atender às demandas de seus eleitores que anseiam pela retomada urgente da economia. A pressão vai contar muito neste momento.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, sem perder um minuto na sua cruzada, tratou de acelerar a agenda de negociações das medidas com os parlamentares logo que a votação sobre a segunda denúncia envolvendo o presidente Temer terminou. O governo quer a Previdência aprovada o quanto antes. Também luta por um pacote de ações no campo do ajuste fiscal e corre atrás de receitas extras para reforçar o orçamento do ano que vem. Já teve de ceder em pontos fundamentais de suas metas, como no caso da privatização do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, uma espécie de joia da coroa que traria grande retorno financeiro.

A agenda positiva, de todo modo, segue com os leilões no campo do pré-sal, nos quais ao menos 16 grupos se credenciaram para a disputa. A venda da Eletrobrás, outro mamute estatal, deve gerar receita de R$ 15 bilhões à União. Esse número cresce exponencialmente se forem consideradas as parcelas divididas com os consumidores de energia (por meio de abatimentos futuros nas contas) e com os controladores da empresa. No total, a soma pode alcançar a casa dos R$ 35 bilhões. O que invariavelmente está fadado a acontecer é o aumento da arrecadação federal.

O impulso que a atividade econômica ganhou, associada aos juros baixos (agora na faixa de 7,5% ao ano) e a inflação em queda, colocaram indústria e varejo em rota de avanço sustentável. Os investimentos voltaram e tendem a subir ainda mais ao longo do próximo ano. Com o “novo Refis” a previsão de arrecadação é de R$ 7 bilhões e, no balanço final, as próprias empresas passaram a lucrar mais. No terceiro trimestre, a projeção de melhora nos resultados das companhias frente o mesmo período de 2016 subiu 29,2%. É o ciclo virtuoso de desenvolvimento voltando a vigorar por essas bandas. Já não era sem tempo.

(Nota publicada na Edição 1042 da Revista Dinheiro)