Fundos de renda fixa

Nos últimos anos, a renda fixa foi um porto seguro para os investidores. Com a taxa básica Selic em alta, beirando os 14% ao ano, os fundos prefixados atrelados ao CDI e às NTN-B se mostravam atrativos, ainda que os impostos e as taxas de administração comprometessem boa parte dos rendimentos. A volatilidade do mercado acionário, impulsionada pelo mau momento econômico e pelos escândalos de corrupção que acometeram grandes empresas listadas em bolsa, também provocaram uma aversão ao risco, levando muitos poupadores a procurarem a previsibilidade da renda fixa.

O cenário para 2018 será bastante diferente, no entanto. Na última reunião do ano, realizada em meados de dezembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a Selic para 7%. A expectativa é que ela se mantenha nesse patamar, ou até mesmo caia mais um pouco, até o fim de 2018. Isso cria um desafio aos investidores adeptos da renda fixa, que precisam lidar com um cenário de retorno menor. Numa primeira análise, o que fica evidenciado é a maior importância em prestar atenção nas taxas de administração cobradas pelas instituições financeiras. Valores na casa dos 2%, comuns entre os fundos mais populares dos grandes bancos de varejo, acabam corroendo a maior parte dos ganhos, considerando um cenário de inflação na casa dos 3% e Selic na faixa atual.

A conta a se fazer, no entanto, é mais complexa. “Num cenário de inflação e taxa Selic altas, o retorno pode ser maior, mas paga-se muito mais imposto”, afirma Alberto Gaidys, sócio-fundador da Wright Capital, gestora de patrimônio especializada em grandes fortunas. Numa conta simplificada, considera-se, por exemplo, um título prefixado a 15%, com uma inflação a 10%. Nesse caso, o retorno seria de 5%, menos 2,5% de imposto. Agora, num cenário onde a inflação esteja na casa dos 2%, e a taxa prefixada na casa dos 7%, tem-se os mesmos 5% de ganho real, porém com um imposto a pagar de 1,25%, aproximadamente. Esse é um dos motivos que devem manter a atratividade da renda fixa em 2018, mesmo com a Selic abaixo dos dois dígitos. Entretanto, o investidor deve ficar atento aos rumos da política econômica, em especial a situação fiscal do País.

A queda dos juros mostra que considerar a renda fixa como um “investimento seguro” pode ser uma estratégia desastrosa. As incertezas políticas atuais têm um impacto enorme nessa categoria, sobretudo nos investimentos de médio e longo prazo. Isso ficou evidente na oscilação dos índices da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), referentes à renda fixa. O IRF-M1+, que expressa a carteira prefixada acima de um ano, e o IMA-B5+, que reflete as NTN-Bs acima de cinco anos, registraram variações negativas de 0,08% e 1,40%, respectivamente, em novembro. Segundo a associação, as dúvidas relacionadas à aprovação da Reforma da Previdência pelo Congresso, que acabou não acontecendo, impactaram a performance dos títulos públicos.

O investidor deve ficar atento, também, ao chamado índice de Sharpe, que mede as oscilações de retorno dos fundos ao longo do tempo. Fundos menos voláteis apresentam risco menor, pois a probabilidade de se fazer uma retirada num período de mau desempenho é reduzida. Segundo o levantamento dos melhores fundos de Renda Fixa, feito pela consultoria Economatica para a DINHEIRO, as melhores opções, no ano passado, foram fundos que apresentavam índice Sharpe maior, indicando volatilidade menor, casos do Safra Capital Market Premium FIC, de duração baixa; do Sparta Top FIC RF, de duração média; do Solidus FIC RF Crédito Privado, de duração alta; e do Rafter FI RF, de duração livre.

No final do dia, o que vai influenciar na parcela da carteira que o investidor deve colocar na renda fixa será o destino do País. Se o cenário das eleições for de vitória de um candidato reformista, com uma agenda liberal, juros e inflação devem permanecer em um patamar mais baixo. Porém, o triunfo de um candidato populista levará a oscilações maiores. Em ambos os casos, há riscos. Assim, a recomendação é manter uma fatia do portfólio nessas aplicações seguras, mas não deixar de diversificar para não ficar preso na armadilha dos juros baixos.

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