O Brasil está metido em uma encalacrada econômica não é de hoje. Foram anos de recessão renitente sob o tacape de Dilma Rousseff, de uma lenta retomada no período de intervalo do substituto Temer e de regressão perigosa na nova era Bolsonaro. O País tem perdido oportunidades sucessivas e excelentes para sair do atoleiro – mesmo quando o ambiente externo esteve favorável nesse sentido. Desprezou a pauta de reformas lá atrás, deixou a crise crescer quando podia tê-la evitado com políticas monetárias de incentivo e ainda comprometeu boa parte de seu parque produtivo devido à instabilidade de regras praticadas e a carga tributária sufocante. Fabricas fecharam.

Multinacionais desistiram de subsidiárias ou de novas plantas. E o fôlego escasseou. Há uma questão que insiste em martelar a cabeça de boa parte dos empreendedores, verdadeiros heróis da resistência: por que cargas d’água o Brasil não parte para uma fase de maior liberdade econômica e desapego da máquina estatal? O projeto de encolhimento do Estado, restringindo suas ações a políticas públicas, sem o aparato tentacular no mundo empresarial, interessa a todos. Não pode ser o governo um empregador de milhões de servidores com benesses sem fim, aposentadorias privilegiadas e outros penduricalhos que custam mais do que qualquer estrutura na iniciativa privada.

O desemprego é hoje uma chaga, com 13,4 milhões de pessoas nessa situação e mais de 50 milhões sem qualquer tipo de renda para garantir um mínimo de sustento. A miséria aumenta enquanto a roda da produção para e o Estado concentrador segue com seu custoso funcionamento. É passado o momento de reorganizar a economia nacional em novas bases. As bandeiras de reformas da Previdência e tributária aliadas a um forte processo de privatização precisam de um engajamento do Executivo, Legislativo e Judiciário para saírem do papel e ganharem vida. Não são mais aceitáveis as pressões e lobbies laterais de grupos específicos que anseiam manter o status quo da gastança. Sai do bolso de todos e com prejuízos já conhecidos.

Uma ação direta, efetiva e urgente se faz necessária especialmente no âmbito da indústria, que está morrendo a olhos vistos. Na ausência de políticas públicas de incremento a essa atividade o parque vem perdendo produtividade e competitividade. O custo da inovação e da qualificação profissional não é mais suportável no atual estágio de estagnação do mercado. Em um esforço de guerra, as autoridades precisam oferecer respostas para reabilitar resultados do setor. Do contrário, a resposta será a debandada de mais e mais empresas, ou fechando as portas ou saindo em busca de praças com perspectivas mais alvissareiras, em um ciclo perverso sem fim.

(Nota publicada na Edição 1127 da Revista Dinheiro)