Só há uma maneira de expandir a consciência da sociedade sobre os temas sociais e ambientais: torná-los cada vez mais visíveis por meio da comunicação. Recentemente, o Corinthians e seu patrocinador Alcatel utilizaram esse poder para tratar da inclusão de deficientes auditivos.

Nesta iniciativa, três jovens deficientes auditivos são convidados a ir a um jogo do Corinthians. Pouco antes da partida começar, alguns jogadores aparecem no telão convidando-os por meio da linguagem de libras a acessar um aplicativo que vai lhes permitir entender e acompanhar os cânticos da torcida.

Comovente e engajador, o vídeo desperta nossa atenção para um ponto de inclusão antes invisível e mostra como a tecnologia pode ajudar a romper essas barreiras. Outro ponto também muito contemporâneo da iniciativa é conectar o próprio negócio da empresa de tecnologia ao impacto social a ser gerado (nesse caso, a inclusão de deficientes auditivos) e não apenas por meio de um projeto social descolado da atividade da companhia.

O mais interessante é que pesquisas revelam que o brasileiro é um dos povos mais sensíveis aos temas sociais e ambientais. Um levantamento realizado pela consultoria internacional GlobeScan revela que 47% dos brasileiros dizem ter um grande senso de preocupação com o meio ambiente contra 40% dos americanos e 32% dos russos e dos britânicos.

Vale dizer que o nível de engajamento das pessoas às questões ambientais é sempre maior nos mercados emergentes do que nos países mais industrializados. O que chama a atenção é que o brasileiro não coloca sua capacidade de consumo como uma força de pressão sobre as empresas. Se diz bastante engajado, mas muito pouco ativo quando perguntado se premia ou pune marcas na hora da compra.

Essa atitude ainda um tanto passiva do consumidor brasileiro demonstra que ele precisa ser confrontado por meio de mais informação para que sua sensibilidade para os temas sociais e ambientais seja ativada.

É importante frisar que estamos falando do brasileiro médio, reconhecido nas pesquisas de opinião, e não apenas da camada jovem mais educada e ativista que se concentra nos bairros ricos dos grandes centros urbanos.

Desde o ano passado, outra marca que tem mudado seu posicionamento em função de temas sociais é a cerveja Skol, da Ambev. Considerada uma marca jovem, de entrada no mundo da bebida, ela no passado se apresentava apenas como um veículo para a diversão.

Ao identificar a tendência dos jovens em valorizar a igualdade de gênero e a liberdade de expressão, seja por meio das ideias ou mesmo da identidade pessoal, a marca passou a defender em seus anúncios os temas de diversidade, tolerância e aceitação do diferente e do controverso. Atualizou-se de acordo com a mudança de mentalidade de seus consumidores. E por tabela expandiu a consciência de outras parcelas da sociedade.

A atitude não exime essa e outras empresas de atuarem com responsabilidade em todos as outras frentes de sua atuação empresarial, mas revela uma boa tendência: marcas podem e devem usar o seu talento de comunicação para falar de maneira criativa de temas sérios.