A nova etapa da economia brasileira está a exigir um combustível vital: investimentos. Privados, públicos, nacionais ou estrangeiros – não importa a natureza. O fundamental é o volume dos aportes que, a considerar a longa estiagem de mercado detonadora de uma recessão sem precedentes, terá de ser substancioso daqui para frente. A retomada do consumo, os baixos índices inflacionários e, principalmente, o recuo dos juros conspiram para um cenário ideal nesse sentido. O crédito está surgindo na ponta da banca financeira. Além das instituições privadas, o BNDES acena com novas linhas. Quer atender primordialmente as pequenas e médias companhias.

Há, enfim, chances democráticas de se buscar os recursos necessários para um arranque nos planos de expansão dos negócios. Quem quiser garantir condições para um crescimento robusto logo adiante, a hora é agora. No mundo inteiro as condições estão dadas. Uma janela de oportunidade se abriu para os países ditos emergentes com o que os analistas definem como “estabilidade global temporária”. O presidente do Banco Central do Brasil, Ilan Goldfajn, tocou no assunto na semana passada, durante encontro de representantes dos BCs latino-americanos, em Montevidéu.

Alertou Goldfajn que as boas condições internacionais, favoráveis a uma recuperação de fôlego para economias traumatizadas por crises recentes, não vai durar indefinidamente. Não há tempo a perder na disputa pelos investidores que estão atrás de portos seguros e oportunidades. Aquelas nações mais preparadas a recepcionar os recursos estrangeiros sairão em vantagem. Nesse caso, conta contra o Brasil o atraso na aprovação das reformas. Mesmo assim, o mercado interno – dada a sua dimensão e potencial – atrai inversões, principalmente da Ásia, de empreendedores ansiosos por conquistar um naco da demanda local.

Em 2017 as aquisições aqui, por parte de grupos chineses, praticamente triplicaram – de seis em 2016 para 17 empresas adquiridas ao longo deste ano – movimentando mais de R$ 35,3 bilhões até outubro. É dinheiro na veia das linhas de produção. O mercado prevê uma onda ainda mais avassaladora de recursos chineses ao longo de 2018. Pelo andar da carruagem, ao menos dez grupos estão em estágio avançado de entrada no País. Querem conquistar as áreas de ferrovias, portos, mineração, energia renovável, papel e celulose, primordialmente.

Boa parte desse movimento se dará através dos leilões do Programa de Parcerias de Investimento do Governo Federal. As privatizações também ajudarão bastante nesse sentido. O fato é que o Brasil está despertando interesse. Mesmo áreas como a de agronegócio, telecomunicações, logística e saúde estão sentindo reflexos dessa revoada. Com mais dinheiro circulando e azeitando os parques fabris, o ciclo positivo da economia, que gera empregos e por tabela aumenta consumo, deve passar a girar mais rápido. Já não era sem tempo.

(Nota publicada na Edição 1044 da Revista Dinheiro)