O projeto de lei sobre a segurança de Hong Kong, que o Parlamento chinês deve tratar na quinta-feira (28), refere-se apenas a “um punhado de criminosos” – declarou a chefe do Executivo Carrie Lam nesta terça (26), a fim de tranquilizar os investidores estrangeiros preocupados com as liberdades na ex-colônia britânica.

O governo central da China apresentou na sexta-feira (22) um texto bastante polêmico ao Parlamento para proibir a “traição, secessão, sedição e subversão” em Hong Kong.

No domingo (24), o ministro das Relações Exteriores chinês pediu que a lei seja aplicada “sem demora”.

Essa reação após meses de protestos em massa em Hong Kong em 2019, muitas vezes violentos, também é uma resposta à incapacidade das autoridades locais de aprovarem este texto, que já havia desencadeado uma contestação no território no passado.

Essa lei é vista por muitos cidadãos de Hong Kong como a violação mais grave do princípio “um país, dois sistemas”, que supostamente garante a Hong Kong liberdades inexistente em outras partes da China até 2047.

Uma preocupação compartilhada por algumas capitais ocidentais e por investidores estrangeiros.

No comando de um Executivo totalmente alinhado com Pequim, Lam considerou nesta terça a preocupação com as liberdades de Hong Kong “totalmente infundada”.

O projeto “visa apenas a um punhado de criminosos e protege a grande maioria dos habitantes que respeita a lei e que ama a paz”, disse Lam a repórteres.

Palavras que ecoam as proferidas no dia anterior pelo representante da China em Hong Kong, Xie Feng. Em declarações a diplomatas e empresários estrangeiros, ele disse que “não há absolutamente nenhuma razão para entrar em pânico”, diante de uma lei que visa “a forças violentas e terroristas”.

De junho a dezembro, Hong Kong experimentou a pior crise política desde a retrocessão em 1997, com uma contestação sem precedentes à tutela chinesa e à interferência de Pequim. Este movimento foi marcado por violentos confrontos com as forças de choque.

– Desestabilizar a nação –

Pequim apresenta esse movimento de protesto como uma conspiração apoiada por forças estrangeiras para desestabilizar a nação.

Já os defensores da democracia afirmam que a rua era o único meio de se fazer ouvir sem sufrágio universal.

Após um longo hiato, devido à epidemia de coronavírus, milhares de pessoas protestaram novamente no domingo em resposta à lei de segurança.

O texto exato do projeto não é conhecido, mas o Parlamento chinês apresentou suas linhas gerais na semana passada. Deve, em princípio, aprová-lo até quinta-feira para entrar em vigor no decorrer do verão boreal.

Um motivo de preocupação é o dispositivo que permitiria que policiais chineses operassem em Hong Kong, cuja Justiça deveria ser independente.

Muitos veem isso como um risco de repressão contra os dissidentes, já que as leis antissubversão são frequentemente usadas na China contra os críticos do regime.

Na coletiva de imprensa desta terça-feira, Lam acrescentou que os protestos contra o governo continuarão sendo permitidos, se “forem realizados legalmente”.

Nos próximos dias, novas mobilizações estão previstas no território semiautônomo, apesar da proibição de aglomeração.