As autoridades de Hong Kong confinaram, de maneira inesperada, um setor de um bairro da cidade na madrugada desta quarta-feira e fecharam todos os seus acessos até que realizar testes de diagnósticos em todos os seus habitantes.

A polícia estabeleceu um perímetro de segurança em torno de 20 prédios no bairro de Yau Ma Tei, no sul de Hong Kong.

Agora, a nova estratégia das autoridades é confinar sem avisar. A chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, explicou que essa política de “confinamentos inesperados” é necessária para evitar que as pessoas fujam antes da chegada dos responsáveis pelas operações.

“Agradeço aos habitantes do setor por sua cooperação”, declarou Lam em sua página no Facebook nesta quarta-feira.

David Hui, especialista em doenças infecciosas que assessora o governo, defendeu esse tipo de confinamento, pedindo às autoridades que ajam mais rapidamente no futuro para evitar que os moradores fujam antes que as medidas entrem em vigor.

“O mais preocupante é saber que o vírus pode se espalhar fora, porque alguns moradores saíram quando souberam que um confinamento em seu bairro seria colocado em prática”, afirmou.

No fim de semana, um confinamento similar de dois dias fracassou, depois de vazar para a imprensa horas antes. A polícia foi mobilizada para isolar cerca de 150 prédios no bairro Jordan, uma das áreas mais pobres e densamente povoadas de Hong Kong, onde surtos surgiram recentemente.

As autoridades foram de porta em porta para forçar os residentes a fazerem o teste. Dos cerca de 7.000 exames realizados, apenas 0,17% foram positivos para o novo coronavírus.

Vozes se levantaram entre lideranças políticas e econômicas para denunciar a forma como esse confinamento foi implementado. Mas as autoridades justificaram sua escala e não descartaram outros confinamentos do tipo.

No confinamento de terça-feira, 330 pessoas foram testadas, e uma delas deu positivo. As autoridades advertiram que serão necessários outros confinamentos desse tipo nos próximos dias.

Hong Kong já esteve em alerta quando os primeiros casos do novo coronavírus foram detectados na China, há mais de um ano.

Oficialmente, esta cidade de grandes arranha-céus registrou menos de 10.000 casos e cerca de 170 mortes desde o início da pandemia.

Seus 7,5 milhões de habitantes vivem, há um ano, sob diferentes graus de restrições, o que parece ter funcionado para impedir a disseminação dos contágios.

Nas últimas semanas, o território foi atingido por uma quarta onda de infecções, e as autoridades introduziram novas restrições.

Em tese, Hong Kong é uma das cidades mais ricas do mundo, mas as desigualdades são flagrantes, em meio à escassez de imóveis e aos altos valores dos aluguéis. Muitas pessoas vivem confinadas em espaços muito pequenos.