O Hominídeo de Denisova, espécie próxima dos Neandertais, viveu no planalto tibetano a 3.300 metros de altitude há pelo menos 160 mil anos – anunciam pesquisadores na revista Nature, nesta quarta-feira (1º).

O estudo de uma mandíbula encontrada em uma caverna em Xiahe, na China, permitiu atribuí-la a esta espécie identificada em 2010.

A descoberta se deu, após análise de DNA de um fragmento de osso encontrado na caverna de Denisova, nas montanhas de Altai. O Hominídeo de Denisova esteve presente tanto no sul da Sibéria quanto na China.

Constatou-se também que este primo distante do homo sapiens já estava adaptado às grandes alturas muito antes da chegada do homem moderno a esta região, disseram os cientistas da revista Nature nesta quarta-feira.

Desta vez, não foi o DNA que foi decisivo, mas proteínas antigas que puderam ser extraídas de um molar ainda presente na mandíbula. Isso se deu graças a uma nova técnica, desenvolvida pela equipe de Jean-Jacques Hublin no Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, em Leipzig (Alemanha).

Esta descoberta é importante porque até agora os paleantropólogos só tinham pequenos fragmentos de osso encontrados em Denisova, o que não permitia saber como era essa espécie.

O que também se sabe é que o DNA de Denisovan deixou seu rastro nas populações atuais da Ásia, especialmente no Tibete e nas regiões vizinhas. As populações indígenas da Austrália e da Melanésia são as que mais retiveram sua pegada.

“Para que o nosso ancestral Homo Sapiens, a caminho da colonização da Austrália, tenha encontrado esses Denisovans, era necessário que eles existissem em outros lugares além de Altai, provavelmente em grande parte da Ásia continental”, disse o paleoantropólogo Jean-Jacques Hublin à AFP.

A mandíbula chinesa é a prova concreta. O fóssil vem da caverna de Baishiya, um santuário budista em Xiahe, na província chinesa de Gansu.