O espião britânico James Bond estava pronto para mostrar, em abril, suas novas aventuras em 007 – Sem Tempo para Morrer, mas, por conta da pandemia da Covid-19, só deve estrear nas telonas em novembro. Desde que o isolamento social teve início, pelo menos 30 títulos deixaram de ser exibidos. E isso deve refletir diretamente no resultado das empresas de cinema. Com 30 mil lugares, 160 salas em 19 cidades do Brasil e faturamento de R$ 188 milhões no ano passado, a rede Cinesystem espera fechar 2020 com cerca de 6 milhões de ingressos vendidos, bem abaixo dos 9 milhões comercializados em 2019. Fora a bomboniere, com pipocas mais cara que o ingresso, que representa 30% da receita. O fundador e presidente do conselho administrativo da Cinesystem, Marcos Barros, diz que mesmo com todas as salas fechadas a empresa aderiu ao Movimento “Não Demita” e suspendeu o contrato de trabalho por 60 dias de 90% dos 540 funcionários.

No início de maio, a rede implementou o formato drive-in em Praia Grande, no litoral de São Paulo, no estacionamento do shopping onde fica o cinema, e já recebeu cerca de 4 mil espectadores nas três sessões diárias. Mas, evidentemente, não irá substituir o escurinho do cinema, até pela qualidade da tela e do som. “São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro devem receber o drive-in, que surgiu para dar opção de lazer com segurança para quem está em quarentena”, afirma o presidente. A perspectiva do executivo é de que a partir da segunda quinzena de julho o público volte a frequentar os cinemas. Entre as medidas, haverá distância de 1,5 metro entre as poltronas ocupadas, limpeza mais constante e ocupação de até 50% da capacidade das salas. “O tempo entre as sessões será maior para limpeza mais profunda”, diz Barros. Enquanto isso, fica a expectativa de que esse novo normal traga, junto, um preço mais justo do saquinho de pipoca.

(Nota publicada na edição 1174 da Revista Dinheiro)