Os casos de hepatite aguda em crianças que começaram a surgir em vários países e não tinham uma causa conhecida podem estar relacionados a Covid-19, segundo um novo estudo.

A maior parte dos casos da nova hepatite apresenta algum sintoma gastrointestinal, icterícia e até falência aguda do fígado, mas sem vestígios das variantes conhecidas da doença hepática (A, B, C, D e E).

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De acordo com o artigo publicado na revista The Lancet, pesquisadores da área de Gastroenterologia e Hepatologia mostraram que uma infecção anterior ou atual por Covid-19 seguida de outra por adenovírus, deixa uma espécie de reservatório viral no trato intestinal.

Essa persistência viral, pode acarretar uma reação exagerada do sistema imunológico, provocando algo similar a Síndrome Inflamatória Multissistémica (MIS-C) encontrada em crianças em recuperação da Covid-19. Nesse caso, a ativação do sistema imunológico pelo superantígeno do Covid-19 desencadeia uma reação autoimune.

A presença do vírus da Covid-19 foi encontrada em 18% dos casos analisados no Reino Unido, a grande maioria em crianças que não tinham idade para serem vacinadas contra a doença. “É provável que novos testes sorológicos produzam um número maior de crianças com hepatite aguda grave e infecção anterior ou atual por SARS-CoV-2”, diz o artigo assinado por Petter Brodin, Professor de Pediatria Imunológica no Imperial College de Londres (Inglaterra), e por Moshe Arditi, diretor do Centro de Pesquisas Infecciosas e Imunológicas do Hospital Cedar Sinai de Los Angeles (EUA).

Seguindo na mesma direção, um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostrou que 70% das crianças com menos de 16 anos que tiveram a doença tinham sido infectados pela Covid-19 recentemente. Em Israel, dos 12 casos da nova hepatite aguda, 11 haviam contraído o vírus da Covid-19 há pouco tempo.