A HDI Seguros, uma das maiores seguradoras do País, acaba de fechar a compra de parte das operações brasileiras da Sompo. A transação será paga totalmente em dinheiro, num valor superior a R$ 1 bilhão – o valor exato não foi informado. O acerto foi negociado ao longo dos últimos quatro meses e dará à HDI, de origem alemã, um forte posicionamento em ramos e regiões do País onde antes não estava ou tinha atuação tímida.

Após a conclusão da operação, a Sompo, de origem japonesa, focará em seguros corporativos no mercado brasileiro. A empresa fará uma cisão de seus negócios “de varejo” para repassá-los à HDI. No ano passado, o grupo já havia vendido a área de saúde para a SulAmérica, que está em processo de venda para a Rede d’Or.

“São três pilares que fizeram mais sentido para nós nessa aquisição: a maior participação na cidade de São Paulo, a sinergia e a diversificação em vários ramos”, disse ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) o CEO da HDI, Eduardo Dal Ri. Atualmente, a companhia tem forte presença no mercado da Região Sul, em que é líder, e atua no interior paulista.

A compra mudará o porte e diversificará a carteira da HDI no País. Hoje, a empresa tem cerca de 85% de seu portfólio focados no seguro auto, e com a aquisição, estima pular da sexta para a quarta colocação no segmento. Apenas neste ramo, a seguradora receberá uma carteira com R$ 1 bilhão em prêmios, e passará de 1,7 milhão para 2,3 milhões de clientes.

A outra parte, com R$ 1,8 bilhão em prêmios, inclui ramos como o residencial, o habitacional e o seguro de vida, que ganhou evidência após a pandemia da covid-19 e em que a HDI deve ver o valor da carteira se multiplicar cerca de dez vezes. No seguro residencial, sairá de 500 mil para 1 milhão de imóveis segurados.

Entre todos os racionais, a chegada à capital paulista é vista como uma mola propulsora dos negócios da companhia no País. “Partindo do pressuposto de que (o Estado) São Paulo tem 34% do PIB (brasileiro), temos uma ambição audaciosa para o Estado de São Paulo, e para o corredor metropolitano de São Paulo”, afirmou o executivo.

Com a aquisição, a HDI receberá 740 funcionários da Sompo, além de uma rede de corretores e de parcerias com bancos. A seguradora tem avaliado ativos de forma constante, mas enxergou na Sompo uma oportunidade única. “O Brasil não tem mais tantos ativos para serem comercializados. Nós queremos crescer e acreditamos muito no Brasil”, disse Dal Ri.

No ranking da Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg), a HDI ocupava a 13ª posição no setor em fevereiro, considerada a arrecadação nos 12 meses anteriores e sem o DPVAT e a saúde suplementar. A Sompo estava na 17ª posição.

Movimentações

Apesar de menos “quente” que outros segmentos, como o de tecnologia, o setor de seguros foi alvo de uma das maiores aquisições anunciadas neste ano, até aqui: a compra da SulAmérica pela Rede D’Or, transação avaliada em R$ 15 bilhões. Outras aquisições menores vêm acontecendo, a maioria também com foco em saúde. A HDI, porém, deve manter-se de fora deste ramo.

“O grupo, internacionalmente, não opera no ramo saúde. Assim como todos os outros, ele exige uma escala muito grande”, pontuou Dal Ri. Segundo ele, a companhia trabalha para entrar em outros produtos, como o seguro agrícola e os massificados – produtos de menor tíquete que em geral são vendidos como complemento a outros, como os seguros ciber ou para cartões.

Nestes dois ramos, a entrada será pela via orgânica, ou seja, sem aquisições, ao menos a princípio. Em outros casos, porém, a HDI continua avaliando oportunidades no mercado. “Temos uma agenda de crescimento no Brasil bem preponderante”, comentou o CEO da companhia. No mundo, a HDI é uma gigante do setor, que arrecadou 5,1 bilhões de euros em prêmios em 2021.

A compra da operação de varejo da Sompo ainda depende de aprovações pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) e de órgãos dos países de origem das duas companhias.

A HDI foi assessorada pelo BTG Pactual.